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Treinamento com o CDC sobre análise de risco para emergências capacita profissionais da SES

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Auditório do Centro Administrativo do GHC, onde a secretária Ana Costa se encontra no centro da mesa de abertura. Ao fundo um telão onde posteriormente foi exibida a apresentação do treinamento. A foto também mostra a plateia atenta às falas durante a abertura do evento.
Formação vai até sexta-feira, 17/11 - Foto: Lorenzo Mascia/GHC

Servidores da Secretaria Estadual da Saúde (SES) estão participando, ao longo desta semana, da oficina de Identificação de Ameaças e Perigos, Análise de Risco (THIRA) e Revisão de Preparação de Partes Interessadas (RPPI). Promovido pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, o treinamento ocorre de 13 a 17 de novembro, no Auditório do Centro Administrativo Grupo Hospitalar Conceição, em Porto Alegre, das 9 às 17 horas.  

A capacitação tem como objetivo fornecer aos participantes os principais conceitos e conhecimentos básicos para conduzir uma análise de risco com a ferramenta THIRA, utilizada pelo CDC e que vai ao encontro dos Princípios Executivos da Gestão de Emergências em Saúde Pública. Com atividades práticas, o intuito é que, ao final do treinamento, os participantes sejam capazes de formular um relatório específico para Porto Alegre, tornando-se multiplicadores dos conceitos-chave aprendidos. 

A secretária estadual adjunta da Saúde, Ana Costa, esteve presente na mesa de abertura do evento e celebrou a iniciativa do CDC em apostar no fortalecimento das equipes não para centralizar o conhecimento, mas sim para multiplicar. “Em ocorrências atípicas, muitas vezes, vemos todo mundo querendo ajudar, mas sem uma coordenação não se chega a um resultado efetivo. Este é um momento de construção da rede de atenção que atuará de forma coordenada, para que nenhuma vida se perca pela nossa incapacidade de resposta”, declarou a secretária. 

A representante do Escritório Regional da América do Sul do CDC, Ana Carla Pecego Silva, agradeceu a oportunidade de estar no Brasil. “Temos uma possibilidade maior de estabelecer parcerias e ver como o Estado está se preparando no âmbito de análise de risco”. Em nome do Ministério da Saúde, Carlos Henrique Frank qualificou como cenário desafiador a nível nacional. “Aprimorar nossa ferramenta de análise de risco é fundamental para criar sistemas mais resilientes. Assim como é fundamental pensar em como adaptar os modelos ao Sistema Único de Saúde”, disse. 

O representante da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Rodrigo Frutuoso, lembrou que as etapas de preparar, avaliar e conhecer como os riscos se constroem vem antes de uma situação chegar a um estado agudo e desejou que esse passo dado pelo Rio Grande do Sul possa se refletir em outros estados. 

Também presente na cerimônia de abertura, o diretor-presidente do GHC, Gilberto Barichello, ressaltou as dimensões do grupo hospitalar, que atende 100% SUS e tem as emergências como tema muito importante dentro da organização. Pensamos riscos assistenciais e corporativos assim como expandimos nossa análise para outros contextos, a exemplo da Força Nacional do SUS, que faz a gestão de riscos em emergências no Rio Grande do Sul, no Brasil e em outros países”, ressaltou, ao relembrar o trabalho já realizado em diferentes emergências públicas enfrentadas nos últimos anos. 

O palestrante Michael Phipps iniciou a apresentação explicando como sua trajetória pessoal no exército o aproximou de situações de emergência. A exemplo do trabalho desenvolvido no continente africano no combate ao vírus ebola, Phipps também teve contato com outras realidades de países da América Central e América do Sul, podendo compreender que o gerenciamento de emergências em saúde pública exige equipes muito grandes. 

Entre os pontos abordados no primeiro dia de evento, estão: 

Ameaça: estado nocivo, potencial impacto significativo (excesso de chuvas, inundações) 

Perigo: estado inofensivo que pode gerar risco em potencial (drenagem deficiente de água parada) 

  • Como planejar o inesperado e aumentar plano de resposta 

  • Identificação de risco, análise de risco e avaliação de risco 

  • Visão estratégica na tomada de decisões 

  • Fatores de mitigação que podem ser acionados rapidamente (nas primeiras 48h) 

  • Unidade de comunicação e de ação, em nível estratégico, operacional e tático 

  • Setores e esferas de governo participam e ajudam a coordenar a resposta 

 

Treinamento para tomada de decisões 

Phipps pontuou que, na equipe diária de um setor de emergência em um hospital, cada um entende o papel e as responsabilidades que exerce ali. Quando ocorre uma emergência pública, é preciso que muito mais pessoas treinadas estejam envolvidas e trabalhando em conjunto dentro desta lógica.Indivíduos afetados por emergências de qualquer ordem querem saber que a saúde pública e que o governo está lá por eles. Isso alivia alguns dos medos que as pessoas sentem quando são vitimadas por algum incidente. Em caso de inundação por excesso de chuvas, a Defesa Civil é capaz de retirar pessoas de áreas mais baixas antes que a situação se agrave para as possíveis vítimas e para a sobrecarga de saúde pública do município por exemplo”, ponderou o palestrante. 

Em suma, a parte inicial do treinamento buscou conceituar como reconhecer uma emergência pública, mobilizar recursos humanos e materiais, minimizar o tempo de resposta a partir de uma abordagem padronizada, porém adaptável e adaptada a diferentes territórios, a diferentes tamanhos de incidentes e a diferentes atores envolvidos no processo. De igual forma, a apresentação também provocou os participantes a pensarem de onde viriam os recursos para lidar com determinados riscos, escalonando níveis de gestão de acordo com a complexidade do incidente. 

Conforme exemplificado pela chefe da Divisão de Vigilância Ambiental em Saúde do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Aline Campos, essas ações listadas pelo palestrante já são executadas pelo estado. “Fazendo um paralelo, temos os mesmos elementos, sinalizamos para o pessoal quando ocorre um evento de massa e organizamos ações no âmbito da Secretaria Estadual de Saúde. 

Michael Phipps também observou que, em alguns casos a análise de perigos e ameaças precisa prever que relações entre países fronteiriços necessitam de apoio mútuo para o fornecimento de recursos. Dependendo do desastre, pode ser necessário abordagem comunitária para análise de risco, como já ocorreu em surtos de sarampo em cruzeiros – evolvendo mais de um território o que evidencia que a resposta à emergência fica comprometida sem essa análise em cooperação internacional”, concluiu. 

Ao longo da programação, o treinamento também será ministrado pelo palestrante Jesus Rodriguez, do CDC. Participam desta primeira formação, que vai até a sexta-feira (17/11), cerca de 60 servidores da Secretaria Estadual da Saúde, Secretaria Estadual da Agricultura e Secretaria Estadual do Meio Ambiente, além de servidores do GHC representantes Força Nacional do SUS e representantes do Ministério da Saúde. 

Por Mariana Ribeiro/SES
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