Saúde amplia controle da tuberculose no Estado
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A tuberculose continua sendo um grande problema de saúde pública, principalmente no que se refere à identificação e tratamento adequado daqueles pacientes denominados bacilíferos, que são os que transmitem a doença através da via aérea (ao tossir, espirrar, cantar ou falar alto). Em 2007, foram notificados 4.551 casos novos de tuberculose no Rio Grande do Sul, sendo que 21,9% deles co-infectados pelo HIV. A despeito de todos os esforços realizados pelas equipes de saúde, o percentual de cura no Estado para os casos encerrados está em 74,2%, muito abaixo dos 85% preconizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Com vistas a modificar esses indicadores, o Programa Estadual de Controle da Tuberculose (PECT), sediado na Divisão de Vigilância Epidemiológica do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), vem desenvolvendo, desde abril de 2008, extensa programação de capacitações junto às Coordenadorias Regionais de Saúde (CRSs) e aos municípos de maior incidência da doença, principalmente os 24 denominados como prioritários pelo Programa Nacional de Controle da Tuberculose - Alegrete, Alvorada, Bagé, Cachoeira do Sul, Cachoeirinha, Canoas, Charqueadas, Esteio, Gravataí, Guaíba, Novo Hamburgo, Passo Fundo, Pelotas, Porto Alegre, Rio Grande, Rosário do Sul, Santa Maria, São Borja, São Gabriel, São Leopoldo, Sapiranga, Sapucaia do Sul, Uruguaiana e Viamão.
Em maio, o PECT esteve em Alegrete e, em junho, em Passo Fundo. Nessas cidades, profissionais de diversas áreas das CRSs e dos municípos participantes, em conjunto com a coordenação estadual e com a sociedade civil organizada representada pelos Conselhos Municipais de Saúde (CMSs), traçaram estratégias e metas para o controle dessa enfermidade, com base na identificação do paciente bacilífero nas áreas denominadas "bolsões" da doença, através da geolocalização de casos e posterior avaliação de seus contatos.
Além da identificação do doente, outro desafio é o acompanhamento do tratamento visando à adesão, já que o uso dos medicamentos deve ser feito, no mínimo, por seis meses. Com essa finalidade, o PECT necessita contar com a parceria dos municípios e suas equipes da Estratégia de Saúde da Família, bem como de toda a sociedade civil organizada (CMSs, associações de bairros, organizações não-governamentais).
Palestras de sensibilização também já foram feitas junto ao Conselho Estadual de Saúde, Federação das Associações de Municípios do RS (Famurs) e Associação dos Secretários e Dirigentes Municipais de Saúde (Assedisa), sempre com o intuito de esclarecer que o controle da tuberculose é responsabilidade de todos, desde o gestor nos três níveis de governo até o cidadão, visto que a transmissão se dá por via aérea, dificultando a eliminação da doença.
Nos próximos meses, o PECT estará ampliando as capacitações para as CRSs, sendo que neste mês de agosto estará em Santa Maria e, posteriormente, em outras coordenadorias regionais.
A doença
A tuberculose, uma doença que é antiga mas não é passado, teve seu agente etiológico (o Mycobecterium tuberculosis) identificado em 1882 por Robert Koch e existem relatos da doença em múmias egípcias que viveram muito antes da era Cristã.
Durante as primeiras décadas do século passado (1900 a 1930), era a tuberculose a responsável por 20% dos óbitos em Porto Alegre, e não havia medicações disponíveis para o tratamento da doença. Em 1944, foi descoberta a estreptomicina, o primeiro fármaco de ação confirmada contra o Bacilo de Koch, seguida pelo PAS, em 1946, e pela isoniazida, em 1952.
No final da década de 1960, com conhecimento científico suficiente, passou-se a recomendar a criação e implantação de Programas de Controle da Tuberculose em todo o mundo, e no Rio Grande do Sul esse processo aconteceu de 1971 a 1974, capitaneado pelo dr.Werner Paul Ott.
Desde então, existem métodos diagnósticos para a identificação dos doentes e fármacos para o tratamento fornecidos gratuitamente pela Secretaria Estadual de Saúde e, posteriormente, pelos municípios.