Saúde alerta para o perigo de ferimentos com objetos enferrujados
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O tétano é uma doença tóxico-infecciosa, que apresenta duas formas de ocorrência: acidental e neonatal. A primeira forma geralmente atinge pessoas que entram em contato com o bacilo tetânico ao manusearem o solo ou através de ferimentos ou lesões ocorridas por materiais contaminados (enferrujados), em ferimentos na pele ou mucosa. Já o tétano neonatal é causado pela contaminação durante a secção do cordão umbilical pelo uso de instrumentos cortantes ou material contaminadas.
No Rio Grande do Sul, em 2004, foram notificados 47 casos de tétano acidental. Em 2005 foram confirmados 34, e até o dia 15 de setembro deste ano foram confirmados 21 casos. Ainda de acordo com a pesquisa, a maioria das pessoas que se infecta é de adultos agricultores acima de 20 anos. No Estado desde 2004 não houve nenhum registro de tétano neonatal. "Em 1984, eram 224 casos confirmados. Houve uma queda significativa nestes últimos dez anos", afirma a médica sanitarista Marilina Bercini, do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), órgão vinculado à Secretaria Estadual da Saúde (SES).
"O tétano acidental pode ser evitado pelo uso da vacina tetravalente na infância e com a vacina DT (difteria e tétano) em adultos, além dos reforços a cada dez anos para quem já tem o esquema básico", diz. Outra medida importante é a adoção de procedimentos adequados de limpeza e desinfecção de ferimentos ou lesão suspeita para tétano, nas unidades de saúde.
No Brasil, a doença reduziu de 2.226 casos em 1982 para menos de 600 desde 2002. Nos últimos quatro anos tem sido evidenciado que mais de 70% dos casos estão na faixa etária abaixo de 60 anos de idade e cerca de 20 a 30% na faixa etária de 60 anos e mais. As mortes pelo tétano acidental também acompanham a tendência declinante, das 713 ocorrências anuais registradas em 1982 para menos de 300 desde 1998. No mesmo período ocorreu uma redução no número de casos de tétano neonatal de 584, em 1982, para 15 em 2003. "Considerando que esta enfermidade apresenta uma letalidade média de 70%, esta redução tem um impacto importante na mortalidade infantil neonatal."
Para Marilina, a manutenção do esquema de vacinação preconizado atualizado é de extrema importância, porque a vacina apresenta uma eficácia de quase 100%. "A conscientização da população sobre algumas medidas de prevenção contra o tétano também é um fator que tem contribuído na redução dos casos." Esta conscientização deve ser estendida ao ambiente de trabalho para algumas categorias profissionais de maior exposição a ferimentos e contato com material contaminado. "Em caso de qualquer ferimento, a pessoa deve procurar um posto de saúde", sugere a médica sanitarista.