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PIM e Criança Feliz realizam formação sobre cuidados com bebês e famílias afetadas pelas enchentes

Do abrigo ao retorno para casa, projeto abordou importância do brincar no contexto de emergência climática

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Uma mulher de cabelos pretos segura o microfone falando para uma plateia de equipes da região metropolitana e dos Vales. O ambiente é um ginásio de escola, com chão de madeira e cadeiras em tom verde claro. Ao fundo as paredes são brancas.
Equipes da região metropolitana e dos Vales participaram da formação - Foto: Marcelo Bernardes/SES

O programa Primeira Infância Melhor (PIM), realizou nesta segunda-feira (22/07) a formação “Bebês também precisam brincar: atuação para a garantia de cuidados essenciais aos bebês e suas famílias afetadas pelas enchentes”. A iniciativa faz parte de um projeto idealizado pela Rede Estadual pela Primeira Infância do Rio Grande do Sul e teve como foco as implicações no desenvolvimento de bebês ao longo da crise climática no estado. 

Como explica a coordenadora estadual do PIM, Carolina Drügg, o projeto foi construído a muitas mãos, que constataram a necessidade de pensar o cenário das enchentes observando e identificando a demanda maior de atenção aos bebês e seus cuidadores nos abrigos. “Vimos que era essencial capacitar as equipes numa formação de cuidado sensível aos bebês e às famílias abrigadas. Agora, entendemos que é importante a continuidade do cuidado na retomada para os territórios. Sabemos que ainda temos muito percurso pela frente, justifica. 

O projeto buscou contemplar as equipes municipais do PIM e do Programa Criança Feliz que trabalharam nos abrigos das regiões metropolitana e dos Vales e que ainda estão atuando nos Centros Humanitários de Acolhimento de Porto Alegre e de Canoas. O objetivo é analisar os vínculos, as possibilidades do brincar e o olhar protetivo aos bebês no contexto de alojamentos temporários e de retomada para casa após a crise, compreendendo que eventos dessa magnitude podem gerar sinais e sintomas por meses. As rotinas de brincadeiras são estratégias essenciais de acolhimento infantil, conforme é sugerido na cartilha orientativa: Promoção do Desenvolvimento Integral na Primeira Infância – Organização de Espaços Seguros no Contexto de Desastres Climáticos, lançada em junho. 

Troca de experiência e formação 

O início do encontro contou com o relato de experiência exitosa no município de Novo Hamburgo, onde equipes do PIM acompanharam a mediação e o fortalecimento de vínculo entre mãe e bebê em um dos maiores abrigos da cidade, com cerca de 3 mil pessoas abrigadas. A história foi compartilhada pela voluntária da Organização Mundial para Educação Pré-Escolar (OMEP), Rosane Romanini. 

A psicóloga do Primeira Infância Melhor, Luciane Pujol, pontuou questões determinantes na condução de como avaliar os sentimentos do bebê em um evento traumático. A profissional destacou que, desde os regastes e o contato com a lama, passando para a acomodação nos abrigos em ambientes inadequados para a infância, uma série de fatores influenciaram reações emocionais nos bebês. “Mudanças de rotina, muitas pessoas desconhecidas, ambiente estressante com luz e barulho e pouco espaço físico foram algumas das circunstâncias que observamos como desencadeadoras de expressões como choro de angústia e choro de medo” comentou a psicóloga.  

A mediação realizada pelas equipes do PIM e Criança Feliz possibilitou que aspectos emocionais de gestantes, de crianças resgatadas e de cuidadores fossem respeitados com a sensibilidade necessária ao momento. “Dizer que ‘ainda bem que é pequeno e não entende nada’ é um equívoco, pois os bebês percebem muito. Além disso, o estado mental dos cuidadores passa para o bebê.  Apoiar adultos a compreenderem e ampararem os bebês também é fundamental”, ressaltou Luciane Pujol. 

Em primeiro plano está um bebê-conforto apoiado em uma escada e ao fundo vários brinquedos e bonecas desfocados.
Ao longo da programação foram realizadas atividades com brinquedos. - Foto: Marcelo Bernardes/SES

A formação contou ainda com palestras e atividades que visam manter o olhar atento das equipes dos programas no acompanhamento da primeira infância no retorno às residências e nos Centros Humanitários de Acolhimento que ainda estão em funcionamento. O intuito é utilizar a experiência da calamidade para capacitar visitadores e visitadoras em prestar apoio aos comportamentos e reações agudas que podem ocorrer na retomada aos territórios, como consequência do trauma vivido pelas famílias.  

 

Por Mariana Ribeiro/SES
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