Foi premiada nacionalmente uma pesquisa que aborda a importância do acompanhamento dos visitadores do programa Primeira Infância Melhor (PIM) durante a gestação para o desenvolvimento infantil. O reconhecimento foi do Núcleo Ciência pela Primeira Infância (NCPI). 

Desde que o PIM foi criado, em 2003, mais de 75 mil gestantes foram acompanhadas pelos visitadores do programa, hoje presente em 489 municípios do Rio Grande do Sul, envolvendo cerca de 251 mil famílias. 

A pesquisa premiada, realizada no Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), é intitulada “Avaliação do impacto de um programa de visitas domiciliares (PIM) de larga escala para promoção do desenvolvimento na primeira infância: quase-experimento aninhado à coorte de nascimentos de Pelotas de 2015”. O estudo tem como principal resultado uma diminuição de 60% na probabilidade de apresentar um baixo escore de desenvolvimento infantil em crianças de até quatro anos, acompanhadas pelo PIM desde a gestação, em comparação às crianças não acompanhadas pelo programa. Além disso, a pesquisa identificou que o acompanhamento iniciado durante a gestação aumentou em 13% o número de consultas preventivas de pré-natal, indicando uma articulação positiva com a atenção primária do Sistema Único de Saúde (SUS). 

“A conclusão do trabalho demonstra o potencial do programa para reduzir desigualdades na primeira infância”, afirma o autor do estudo, Eduardo Viegas da Silva, pesquisador da UFPel. De acordo com Eduardo, que também é servidor do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, da Secretaria Estadual da Saúde (SES), “o PIM constrói suas ações com base no acúmulo de diversas pesquisas, e sobretudo, considerando a realidade prática do trabalho junto às famílias, esperamos que os resultados reforcem o objetivo do programa de incluir as gestantes em maior necessidade”.  

O prêmio foi concedido em 2024, na categoria Doutorado pelo Núcleo Ciência pela Infância (NCPI). A pesquisa da UFPel contou com a participação do orientador Joseph Murray e do coorientador Fernando Pires Hartwig. 

A coordenadora Estadual do PIM, Marília Bianchini, considera que “uma política baseada em evidências legitima o investimento público. É por isso que essa pesquisa premiada tem tanto valor para o PIM, pois demonstra em dados os resultados do trabalho que as equipes municipais realizam junto às famílias em situação de vulnerabilidade e aponta os caminhos que o Programa precisa fortalecer para gerar ainda mais impacto na vida das famílias atendidas”. 

A pesquisa 

Os pesquisadores da universidade acompanharam 1.202 crianças nascidas em 2015 no município de Pelotas, da gestação até completarem quatro anos. Metade destas crianças foram atendidas pelo programa e a outra metade não. Porém os grupos apresentaram condições socioeconômicas, familiares e individuais extremamente similares, o que permitiu a comparação entre ambos. Dentre as 601 crianças que participaram do PIM, 121 foram vinculadas ainda na gestação e, de acordo com o pesquisador Eduardo Viegas da Silva, este foi o grupo para o qual foram observados os principais resultados positivos do programa. “As crianças visitadas pelo PIM desde o momento da gestação tiveram uma diminuição de 60% na probabilidade de apresentar um baixo escore de desenvolvimento infantil em relação às crianças do grupo controle aos quatro anos de idade, demonstrando o potencial do programa para reduzir desigualdades na primeira infância”, completou Eduardo. 

O PIM 

O Programa Primeira Infância Melhor (PIM) é uma política pública intersetorial de promoção do desenvolvimento integral na primeira infância, desde a gestação até os seis anos. Tem por objetivo apoiar as famílias, a partir de sua cultura e experiências, na promoção do desenvolvimento integral das crianças. Os atendimentos do PIM ocorrem por meio de visitas domiciliares e atividades em grupo realizados periodicamente a famílias com gestantes e crianças. Prioriza famílias em situação de vulnerabilidade e com gestantes. É coordenado pela Secretaria Estadual da Saúde, com apoio das secretarias da Educação, Assistência Social e Cultura.