Aumento na vacinação permite certificar o país livre como do sarampo novamente
Rio Grande do Sul foi um dos estados a alcançar os 95% de cobertura da vacina
Publicação:
O Brasil voltou a ser oficialmente certificado nesta semana pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) como país livre do sarampo. O Rio Grande do Sul já não registrava casos ocorridos dentro do estado desde 2020 enquanto o Brasil desde 2022. Porém, depois disso, ainda seguiram ocorrendo casos importados de pessoas provenientes de países da Ásia e Europa, inclusive ainda neste ano, o que reforça a necessidade de manter bons índices de vacinação.
Dados parciais deste ano indicam que, pela primeira vez desde 2014, o RS deve alcançar a meta de 95% de cobertura vacinal da primeira dose contra a doença, com a vacina tríplice viral, que protege contra o sarampo, rubéola e caxumba. O índice de 2024 registra até o momento 96,11% de cobertura. Em 2023, o número chegou a 94,88%.
Recertificação
A última (e primeira) certificação do Brasil como país livre do sarampo ocorreu em 2016. Contudo, devido às baixas coberturas vacinais, em 2018 ocorreu a reintrodução da doença no país. Em 2019, após um ano de circulação do vírus, o país perdeu a certificação e voltou a se tornar endêmico para a doença. Ao todo, foram confirmados 39,7 mil casos no país entre 2018 e 2022, sendo 185 no Rio Grande do Sul (os últimos em 2020). Não há óbitos notificados pela doença no RS desde 1997.
Para cumprir os critérios de reverificação, o Brasil precisou demonstrar que não houve circulação do vírus durante pelo menos um ano, além de ter fortalecido a vacinação de rotina, a vigilância epidemiológica e a resposta rápida (investigação e bloqueio vacinal) a casos importados.
Segundo a Opas, as Américas também eliminaram a rubéola e a síndrome da rubéola congênita em 2015, uma conquista que os países da região têm mantido desde então.
Dias “S”
Dentre as ações de intensificação da vigilância estão os dias de mobilização nacional para realização de buscas ativas, os dias "S". Em 2024, o primeiro ocorreu em março. Foram mais de 217 mil prontuários, atendimentos e registros revisados em 707 serviços no período de 10 dias a contar do dia "S" (14/03) e 570 mil registros revisados em 560 serviços na modalidade retrospectiva, 30 dias anteriores ao dia "S".
Neste mês de novembro, desde o dia 06/11, o Estado e país estão mobilizados para realização do segundo dia "S" do ano. “A ação mostra que estamos ativamente vigilantes em busca de eventuais casos suspeitos que não tenham sido captados. Essa mobilização de busca ativa retrospectiva também ocorre semanalmente através de registro em formulário eletrônico”, explica a especialista em Saúde do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Lara Crescente.
A doença
O sarampo é uma doença viral altamente contagiosa e tem como sinais e sintomas exantema, que são manchas avermelhadas maculopapulares que iniciam na face e se disseminam para dorso e membros, associado a febre alta e tosse e ou coriza e ou conjuntivite. Afeta principalmente crianças e pode causar complicações graves, como diarreia intensa, infecções de ouvido, cegueira, pneumonia e encefalite (inflamação do cérebro). Algumas dessas complicações podem ser fatais. Além das crianças menores de cinco anos, são de maior risco pessoas com comprometimento da imunidade, desnutrição e gestantes.
Como o sarampo continua a circular em outras regiões do mundo, o risco de reintrodução nas Américas persiste, especialmente em crianças que não estão vacinadas ou sem o esquema completo (duas doses).
Vacina Tríplice Viral
A tríplice viral é oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ela é recomendada em duas doses para pessoas de 12 meses a 29 anos e uma dose para adultos de 30 a 59 anos.
Nas crianças, a vacinação deve ocorrer aos 12 e 15 meses de idade. Profissionais de saúde devem realizar duas doses independentemente da idade. Em situações de bloqueio vacinal, a vacinação seletiva é recomendada para todas as pessoas acima de seis meses de idade.
Cobertura vacinal contra o sarampo no RS (tríplice viral D1 - primeira dose):
2014: 107,74%
2015: 87,81%
2016: 90,45%
2017: 83,34%
2018: 88,72%
2019: 91,23%
2020: 86,08%
2021: 79,88%
2022: 88,48%
2023: 94,88%
2024: 96,11%
Fonte: Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações
Dados até 2022 - http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/dhdat.exe?bd_pni/cpnibr.def
Dados a partir de 2023 - https://infoms.saude.gov.br/extensions/SEIDIGI_DEMAS_VACINACAO_CALENDARIO_NACIONAL_COBERTURA_RESIDENCIA/SEIDIGI_DEMAS_VACINACAO_CALENDARIO_NACIONAL_COBERTURA_RESIDENCIA.html