Saúde tem tratamento pioneiro para prevenir sequelas do AVC
Publicação:
A doença que mais mata e causa sequelas no Brasil, o acidente vascular cerebral (AVC) necessita de atendimento rápido, realizado por uma equipe especializada. Sua forma de apresentação mais comum, o AVC isquêmico, é causado pela interrupção do fluxo sanguíneo em uma região do cérebro, causando morte do tecido cerebral podendo deixar sequelas graves. Os sinais mais comuns do AVC são: início repentino de perda de força em um dos lados do corpo, desvio da boca, dificuldade para falar ou compreender a fala, dificuldade para caminhar, desequilíbrio ou dificuldade de enxergar. Se o paciente for rapidamente atendido e receber o tratamento até 4,5 horas do início dos sintomas, as chances de recuperação completa aumentam muito. O tratamento chama-se trombólise e consiste na administração de uma medicação na veia, o rtPA, que desobstrui a circulação sanguínea, normalizando o fluxo cerebral. Até maio de 2008, apenas 14 hospitais públicos e 19 hospitais privados estavam preparados para tratar o AVC em todo o território nacional.
Desde 2002, hospitais de Porto Alegre vem se organizando para tratar o AVC e, atualmente, o Estado tem a maior experiência do Brasil no tratamento desta grave doença. O Hospital de Clínicas, o Hospital da PUC e o Hospital Mãe de Deus criaram a Rede de AVC de Porto Alegre, uma rede ligada ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), para receber e tratar estes pacientes. Juntos, os 3 hospitais contam com mais de 400 pacientes tratados com trombólise com excelentes resultados.
Em resposta ao Projeto Nacional de Atendimento ao AVC, lançado em 2008 pelo Ministério da Saúde, o governo gaúcho foi pioneiro na organização de um sistema de atendimento ágil e eficaz que possibilitou a utilização do tratamento contra o AVC isquêmico. Desde 2008, a Secretaria Estadual da Saúde já investiu R$ 500 mil (SES/RS) na compra do medicamento rtPA, que ainda não é disponibilizado pelo SUS, para que mais hospitais públicos pudessem oferecer o tratamento aos pacientes.
O projeto no Estado iniciou em julho do ano passado, com a implantação do tratamento no HPS Canoas, primeiro hospital do Brasil a realizar trombólise auxiliado por telemedicina. Nestes casos, o paciente com AVC recebe a trombólise em um hospital que foi treinado e organizado mas que não possui médicos especialistas na área. Através da internet, especialistas à distância avaliam, em tempo real, a tomografia de crânio e o exame neurológico do paciente, orientando a seguir o médico do hospital a administrar o tratamento. Em seis meses foram tratados 30 pacientes no HPS Canoas. Destes, 70% obtiveram recuperação completa e nenhum paciente teve complicações.
Em janeiro de 2009, foi incluído mais um hospital público de referência na rede, o Hospital Conceição, dando uma cobertura mais adequada ao grande número de pacientes que têm AVC em Porto Alegre e região metropolitana. Em uma parceria entre as três esferas de governo, atualmente, quatro hospitais realizam o tratamento para pacientes do Sistema público no Rio Grande do Sul: Hospital de Clínicas, Hospital São Lucas da PUCRS, Hospital Conceição e o HPS de Canoas, todos interligados pelo SAMU 192, que foi capacitado para rapidamente reconhecer os sinais de AVC e levar o paciente ao hospital preparado. Além disso, hospitais de retaguarda estão sendo treinados para receber pacientes que estão fora do tempo para o tratamento com rtPA mas que também precisam de cuidados para diminuir o número de sequelas. O SAMU 192 possui papel fundamental, pois, de acordo com dados do Ministério da Saúde, em mais de 60% de casos de AVC, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência é que realiza o transporte do paciente. No próximo mês o Hospital Navegantes de Torres iniciará o tratamento ao AVC, também auxiliado por telemedicina. A ampliação do projeto para todo o Estado está sendo planejada para o próximo semestre, com hospitais regionais de referência tratando aos pacientes com AVC auxiliados pela central de telemedicina da Rede de AVC de Porto Alegre.
O programa do Rio Grande do Sul é modelo para a implantação do projeto Nacional nos demais estados do país.