Saúde dá início a desinstitucionalização de pacientes e ex-pacientes do Hospital Colônia Itapuã
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Uma reunião entre a secretária da Saúde, Arita Bergmann, e o prefeito de Viamão, Valdir Bonatto, deu início nesta quinta-feira (6) ao processo de desinstitucionalização dos 55 pacientes e ex-pacientes do Hospital Colônia Itapuã.
Atualmente, vivem no local 38 pacientes de saúde mental, oito pacientes ex-hansenianos que tratam outras doenças e nove ex-pacientes de hanseníase. Os pacientes serão transferidos para quatro residências terapêuticas, cada uma com capacidade para abrigar dez pessoas. Já os ex-pacientes, que moram sozinhos em casas dentro da colônia, irão para moradias individuais semelhantes àquelas onde vivem hoje.
Para concretizar a mudança, o Governo do Estado, através da Secretaria da Saúde, repassará quatro parcelas de R$ 3,173 milhões à prefeitura, que vai assumir os cuidados aos pacientes e moradores. A previsão é de que a primeira residência terapêutica fique pronta ainda no primeiro semestre.
“Poderemos oferecer o cuidado com liberdade”, disse a secretária Arita Bergmann. “Não que as pessoas não venham sendo bem cuidadas, mas para os institucionalizados, sem uma casa para chamar de sua, é muito mais difícil. Os pacientes agora terão a liberdade de ser pessoas, com muito mais autonomia em vez de serem obrigados a seguir uma rotina”.
“É um dia importante. Esse é o enfrentamento de uma pauta que vem de muitos anos. Temos compromisso em receber até o último paciente”, reforçou o prefeito de Viamão. “O convênio vai nos permitir reforçar o atendimento em saúde mental”.
Além da secretária e do prefeito, participaram da reunião a coordenadora de Saúde Mental da Secretaria da Saúde, Marilise Souza, a diretora do Departamento de Coordenação dos Hospitais Estaduais, Suelen Arduin, a secretária adjunta da Saúde de Viamão, Michele Galvão, e Vanessa Bettiol, coordenadora de Saúde Mental do município.
Maior avanço em décadas
O processo em Itapuã marca o maior avanço no Estado das últimas décadas na política de desinstitucionalização de pacientes, apresentando uma solução para um problema que atravessou governos. Apesar da Reforma Psiquiátrica, de 2001, prever o fechamento de hospitais psiquiátricos, a substituição do modelo asilar pelo cuidado em liberdade a questão ainda não era parte de uma política estruturante no Rio Grande do Sul, como atualmente.
Aberto em 1940 para receber pacientes com hanseníase e localizado a 53 quilômetros de Porto Alegre, nos anos 1970, o Hospital Colônia passou a acolher pacientes oriundos do Hospital Psiquiátrico São Pedro. Ao longo de sua história, chegou a receber quase 1,5 mil pessoas.