Em um evento simbólico, ocorreu nesta sexta-feira (06/12) a entrega das peças em tapeçaria restauradas ao Museu Estadual Oficina de Criatividade do Hospital Psiquiátrico São Pedro (MEOC-HPSP), em Porto Alegre. Trabalho coletivo desenvolvido por usuários do SUS, familiares e profissionais de saúde, a coleção “Tapete Voa-Dor” sofreu consequências nas enchentes de maio de 2024. Uma parte das 105 peças ficou submersa por quase um mês e precisou passar por tratamento específico para retornar ao museu.

De acordo com a museóloga Camila Casarotto, a coleção surgiu em 2006 e tem grande importância para o acervo do MEOC-HPSP, por ser um trabalho que reuniu diferentes pessoas, origens, amores e dores na sua tecitura. “Com as enchentes, a importância da preservação dessas peças ganhou uma nova dimensão, já que agora carrega também a memória de um momento histórico pelo qual o nosso estado passou. Ao restaurar essas peças, podemos preservar no tempo as memórias que esses objetos guardam por meio da sua materialidade e transmiti-las publicamente, por meio de exposições, digitalizações e outras atividades de extroversão desse acervo, que podem mostrar toda a potencialidade das relações entre a arte e a saúde mental”, explica a profissional.

A coleção estava exposta no térreo do prédio da Superintendência Estadual do Ministério da Saúde no Rio Grande do Sul, localizado no centro da capital e onde o nível da água logo atingiu as estruturas. 20 peças em tapeçaria foram atingidas e foi necessário contratar profissionais de conservação e restauração especialistas em têxtil por conta dos danos apresentados e da fragilidade do material. A contratação foi realizada pela associação Amigos da Memória do Hospital São Pedro (AMeHSP).

Em 2012, o projeto “Tapete Voa-Dor” foi premiado na I Mostra Regional de Práticas em Psicologia, promovida pelo Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul (CRPRS), e apresentado na 2ª Mostra Nacional de Práticas em Psicologia, em São Paulo/SP. 

Agora, após passarem por intensa restauração e carregarem marcas permanentes no tecido, a entrega dos itens de volta ao museu representa um recomeço repleto de significados.

Estiveram presentes na entrega o diretor técnico do HPSP, Alceu Gomes Correia Filho, e a coordenadora da Oficina de Criatividade, Tatiane Patrícia Souza da Silva.