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Infecção de hepatite A é um dos riscos à saúde após contato com água de enchente

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Área alagada da cidade, em uma esquina com prédios de comércio e residenciais. Homens carregam sacolas, uma caixa de isopor e uma boia na inundação.

A água contaminada das enchentes carrega uma série de agentes infecciosos que podem desencadear doenças. Entre os principais riscos está a infecção pelo vírus da hepatite do tipo A, devido ao grande número de pessoas que ficaram ilhadas e foram resgatadas em áreas alagadas no Rio Grande do Sul 

A hepatite é uma inflamação no fígado e é dividida em letras de acordo com o tipo de vírus que dá nome a cada doença. No caso da hepatite A, a infecção acontece pelo contato com água ou alimentos contaminados, o que é muito comum em eventos climáticos extremos. De transmissão fecal-oral, a doença é contagiosa e pode também estar presente em casos de aglomeração sem condições plenas de higiene, como nos abrigos  

O tempo para o surgimento dos sintomas após o contágio (incubação) leva em média quatro semanas, mas pode se estender por até 45 dias. Sintomas como febre, mal-estar, perda de apetite, diarreia, náuseas, dor abdominal, urina escura, icterícia caracterizam a hepatite A, mas profissionais alertam que a doença pode ser assintomática, principalmente em crianças, devendo ser confirmado o diagnóstico por meio de exames de sangue específicos após a suspeita clínica. 

O risco de infecção aumenta em locais com problemas de saneamento básico, inundações próximas a locais com esgoto a céu aberto, dificuldades de acesso à água tratada, condições precárias de higiene e utilização de água contaminada para consumo e no preparo de alimentos 

Vacinação 

O Programa Nacional de Imunizações prevê a vacina contra o vírus da hepatite A desde 2014, indicada em dose única no calendário de rotina para crianças aos 15 meses de idade. Caso a criança tenha perdido a oportunidade de se vacinar, ela pode fazer a dose desde que ainda tenha menos de 5 anos (até os 4 anos, 11 meses e 29 dias).  

A vacina para adultos não é disponibilizada de forma universal, devendo ser aplicada apenas em pessoas com condições clínicas especiais. Além disso, pessoas com mais de 40 anos que já tiveram a doença na infância têm imunidade para o resto da vida. 

A hepatite A é uma doença que pode ser prevenida mediante alguns cuidados com a saúde e segurança da população, mas que tem grandes chances de se manifestar em situações de calamidade decorrente de enchentes. A estratégia vacinal para administração pós-exposição em pessoas abrigadas foi ampliada e as orientações especiais para essa vacinação no Rio Grande do Sul durante esse período consideram como público-alvo adultos e crianças acima de 10 anos, priorizando: 

- Gestantes abrigadas 

- Bloqueio vacinal em caso de surto: aplicar a vacina naqueles que tiveram contato com caso confirmado até 14 dias após o contato 

São consideradas como condições clínicas especiais para a vacinação em adultos os casos de: hepatopatias crônicas de qualquer etiologia, inclusive portadores dos vírus das hepatites B e C (VHC); pessoas vivendo com HIV/aids; imunodepressão terapêutica ou por doença imunodepressora; doenças de depósito; fibrose cística (mucoviscidose); trissomias; candidatos a transplante de órgão sólido, cadastrados em programas de transplantes; transplantados de órgão sólido (TOS); transplante de células-tronco hematopoiéticas (THCT); doadores de órgão sólido ou de células-tronco hematopoiéticas (TCTH), cadastrados em programas de transplantes; hemoglobinopatias; asplenia anatômica ou funcional e doenças relacionadas. Durante a situação de calamidade, excepcionalmente, a aplicação da vacina para condições clínicas especiais será realizada dispensando avaliação prévia junto ao Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE). 

Adultos, crianças e adolescentes até 17 anos nestas condições especiais deverão ser vacinados com duas doses, com intervalo de 6 meses. A apresentação da vacina adulta é diferente da pediátrica. Na falta da vacina adulta poderá ser utilizada a vacina pediátrica com dose dobrada (1mL). 

Situação epidemiológica no RS 

A infecção por hepatite A apresentou queda na incidência desde 2014, quando foi incorporada a vacina contra a doença no calendário infantil. No entanto, desde o final de 2022, no Rio Grande do Sul, observa-se um aumento no número de casos da doença.  

Em 2023, foram notificados 336 casos no Estado, maior número de casos da série histórica desde o início da vacinação. A maior parte desses casos ocorreu em residentes do município de Porto Alegre. Também em 2023 houve um óbito, de uma mulher de 53 anos não vacinada. Nenhum dos casos identificados em 2023 foram relacionados à calamidade no Vale do Taquari. 

Em 2024, até o momento, nenhum caso foi notificado relacionado à calamidade atual do Estado. 

Por Mariana Ribeiro/SES
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