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Hemocentro envia primeira remessa de plasma excedente para a indústria nacional

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Gaveta de um refrigerador do Hemocentro puxada para fora. Dentro estão bolsas de plasma etiquetados. O plasma é um líquido em tom amarelado.
Ao todo, foram entregues 384 bolsas, que equivalem a 69,9 litros de plasma que será utilizado na indústria nacional - Foto: Marcelo Bernardes/SES

Ocorreu nesta semana a primeira entrega de plasma excedente do Hemocentro do Estado do Rio Grande do Sul (Hemorgs) para a Hemobrás, empresa pública responsável pela produção de medicamentos hemoderivados no Brasil. Todo o plasma fornecido servirá de matéria-prima para fármacos que serão distribuídos ao Sistema Único de Saúde (SUS). O Hemorgs é o primeiro serviço do Estado habilitado para envio do material. 

De acordo com dados do Ministério da Saúde, atualmente 80% do plasma disponível em doações de sangue acaba sendo descartado. A partir da Portaria 1.710 de 2020, que alterou a Portaria de Consolidação nº 5 de 2017, a legislação prevê que o plasma não aproveitado em transfusões de sangue, em vez de descartado, possa ser utilizado na indústria de medicamentos.  

Com o objetivo de obter o melhor aproveitamento dos hemocomponentes dentro do SUS, sem nenhum tipo de comercialização, o envio desta primeira remessa representa um marco na qualificação e segurança do serviço no Estado. Para a diretora do Hemorgs, Kátia Brodt “é um momento muito especial, pois demonstra qualidade do serviço no Rio Grande do Sul, além da importância estratégica para a indústria de hemoderivados no Brasil”.  

Ao todo, foram entregues nesta quarta-feira (06/12) um total de 384 bolsas, que equivalem a 69,9 litros de plasma que será utilizado na indústria de referência nacional. De acordo com a hematologista responsável técnica do Hemorgs, Clarissa Ferreira, o plasma excedente será utilizado na produção medicamentos como albumina e imunoglobulina, utilizadas para tratar pacientes, incluindo aqueles com imunodeficiência primária ou secundária, doenças autoimunes e receptores de transplantes. Além desses, também serão produzidos concentrados de fatores de coagulação como o FVIII e FIX, utilizados no tratamento dos pacientes com hemofilia e outras coagulopatias. 

Os medicamentos produzidos a partir do plasma excedente retornarão para distribuição pelo SUS. A parceria do Hemorgs e Hemobrás também contribui com o objetivo de atingir a autossuficiência do Brasil na produção de hemoderivados para atendimento das demandas do país, aproveitando ao máximo cada doação realizada. Além disso, fortalece a hemorrede como referência na produção de medicamentos e tratamento desses pacientes. 

Para a entrega da primeira remessa, a Hemobrás enviou um caminhão especializado em transporte de carga com rastreio e monitoramento rígido de temperatura (-30°C), para manter o congelamento. As bolsas viajarão até a fábrica da empresa, que fica no município de Goiana, em Pernambuco. A previsão é que, a partir de agora, mensalmente sejam encaminhadas bolsas de plasma excedente para a Hemobrás.

 

Qualificação dos processos de segurança 

Até o envio do material de fato, nesta semana, o processo percorreu um longo caminho. A manifestação de interesse do Hemocentro do Rio Grande do Sul se deu em 2021. A partir dali, ocorreu uma série de procedimentos e inspeção rigorosa, até a primeira auditoria, em 2022. O minucioso processo de qualificação promoveu melhorias em todos os níveis, resultando em planos de ação objetivando maior segurança nos processos, além de implementar novas técnicas no controle de qualidade do plasma.  

O processo produtivo segue rígidos critérios técnicos de qualidade e inicia desde o atendimento ao doador, passando pela produção dos hemocomponentes, pelas análises sorológicas e imuno-hematológicas, pelo controle de qualidade e armazenamento, até a distribuição e a embalagem do plasma para envio. 

O repasse do material só foi e será possível graças às doações de sangue que abastecem os estoques do Hemocentro. O serviço defende que as doações de sangue no Brasil permaneçam voluntárias, anônimas e altruístas (sem contrapartidas), garantindo os pilares de segurança para os doadores e os receptores. 

Por Mariana Ribeiro/SES
Secretaria da Saúde