Governo do Estado do Rio Grande do Sul
Secretaria da

Saúde

Início do conteúdo

Central de Transplantes do RS inaugura nova sede

Publicação:

Dentro da programação da Semana Nacional de Doação de Órgãos, a Central de Transplantes do Rio Grande do Sul, administrada pela Secretaria Estadual da Saúde (SES/RS), inaugura nesta terça-feira (03) sua nova sede na avenida Bento Gonçalves, 3722, junto ao Hospital Sanatório Partenon, em Porto Alegre. A cerimônia, com início previsto para as 10h30min, contará com a presença do secretário estadual da Saúde, João Gabbardo dos Reis. Na ocasião, serão homenageados médicos, familiares de doadores e receptores de órgãos. O descerramento de uma placa vai lembrar a equipe de médicos que morreu em 1997, vítima de um acidente que deixou a saúde gaúcha de luto. Os profissionais estavam num vôo que buscava órgãos em Santa Catarina para a realização de transplante no RS.

 

Instalada anteriormente junto ao Instituto de Cardiologia, a Central de Transplantes passa a contar agora com um espaço quatro vezes maior. Em três salas, estão instalados o setor administrativo, a gerência das listas de espera e a gerência operacional do processo de doação de órgãos e transplantes. A equipe é formada por médicos, assistentes sociais, psicólogos, biólogos e estagiários de Medicina e Direito. Nos últimos 11 anos, a Central coordenou a realização de mais de 8 mil cirurgias no Rio Grande do Sul. A Central mantém plantão 24 horas, inclusive aos sábados, domingos e feriados. O atendimento ao público é prestado das 8h30min às 17h.

 

HOMENAGEM - Em 1º de outubro de 1997, um acidente aéreo em Chapecó (SC) encerrou de forma dramática a carreira de cinco jovens médicos e dois pilotos, servidores do Governo gaúcho. A equipe cumpria mais uma missão na busca de órgãos para transplante. O objetivo da viagem, no avião Xingu 121- prefixo PP-EHJ, de propriedade do Estado, era retirar órgãos de um paciente internado com morte cerebral no Hospital Regional de Chapecó. Os cirurgiões pretendiam trazer para Porto Alegre pulmões, fígado, rins e coração para pacientes que necessitavam de transplantes e que já estavam designados para receber os órgãos. Naquela época, a lista de espera contava com mais de mil pessoas.

 

Morreram no acidente os médicos Marcos Stédile, 28 anos, solteiro, especialista em transplantes hepáticos, da Santa Casa; André Barrionuevo, 28 anos, solteiro, especialista em transplantes do coração; Jean Kolmann, 31 anos, casado, especialista em transplante de pulmão, da Santa Casa; Jackson Ávila, 27 anos, casado, um filho, especialista em transplante de pulmão, da Santa Casa; e Cláudio Lança, 29 anos, solteiro, especialista em transplantes hepáticos, da Santa Casa. Foram vítimas também o comandante José Eduardo Dutra Reis, de 43 anos, e o co-piloto Paulo César Reimbrecht, de 40 anos.

 

DEPOIMENTO - Nove anos depois da tragédia, o médico José Camargo, diretor Médico do Hospital Dom Vicente Scherer - Unidade de Transplantes do Complexo Hospitalar da Santa Casa de Porto Alegre, prestou este depoimento: "Da tragédia de Chapecó nunca nos recuperaremos porque aqueles que se foram fazem parte da nossa história e ajudaram, com energia e coragem, a desbravar os primeiros tempos da luta incessante que as equipes de transplante travam diariamente contra o desespero dos que têm suas vidas ameaçadas pelo tempo implacável e clamam pela generosidade da doação de órgãos. O desejo de lutar sempre e mesmo nas condições mais adversas tinha por única compensação o abraço agradecido dos que, pelo transplante, haviam recuperado a vida e a dignidade de vivê-la. Por isso, a morte deles sempre soou como uma injusta ironia do destino. Nós, os remanescentes, ficamos irreparavelmente mutilados na dor de perdê-los. Permanentemente temos a dor reativada pelo encontro da letra deles nos prontuários, pela indelével lembrança das muitas coisas que fizemos juntos, dos sonhos que compartilhamos e que o destino arbitrariamente interrompeu. Solidarizamo-nos com as famílias que, dilaceradas pela dor da perda mais injusta, tiveram que encontrar forças para tocar a vida adiante e, inclusive, criar o filho de quem a tragédia roubou um pai cheio de planos e sonhos, nos verdes anos da juventude mais promissora. Que Deus conserve as forças espirituais que os mantêm vivos e nos permita copiar o exemplo da dignidade que essas famílias deram ao Rio Grande do Sul".

Secretaria da Saúde