Vigilância Epidemiológica registra surtos de rotavírus no Estado
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A Secretaria Estadual da Saúde (SES/RS) vem acompanhando o aumento dos casos de rotavírus - principal causa de diarréia grave na infância no mundo -, norovírus e astrovírus no Rio Grande do Sul. Os surtos têm ocorrido em diversas cidades do RS, atingindo pessoas de todas as idades e classes sociais. "Contra uma virose não há muito como lutar. Treinamos os técnicos da vigilância para lidar com o problema, contudo a melhor arma ainda é a colaboração da população, cuidando da higiene e nos alertando sobre os surtos", explica a bióloga sanitarista, coordenadora do Programa de Monitoramento das Doenças Diarréicas Agudas (MDDA) do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), Marília Barbosa.
Dos três vírus que se têm registros no Estado, o mais incidente é o norovírus, altamente contagioso e que incide em vários bairros. Já o rotavírus não é possui índices de contágio tão elevados e apresenta focos mais isolados, como creches, asilos ou outros determinados pontos de cada cidade. "Os três provocam os mesmos sintomas e devem ser tratados da mesma maneira. A melhor forma de evitar o contágio é lavar bem as mãos após ir ao banheiro e antes de manipular qualquer alimento. Também é muito importante beber só água fervida ou filtrada", garante a bióloga.
Desde fevereiro deste ano, cidades de todas as regiões do Rio Grande do Sul já registraram surtos. As primeiras foram Três Coroas, Campo Bom, Independência e Soledade, onde ocorreram casos de norovírus. Em março, Capão da Canoa e Caxias do Sul tiveram surtos de astrovírus e São Pedro da Serra registrou surto de norovírus. Em maio, houve surto de rotavírus em Guaporé, Porto Alegre, Estância Velha e Camaquã, assim como em junho o mesmo ocorreu em Bento Gonçalves e, em julho, em Eldorado do Sul e Morro Reuter. O norovírus foi registrado em Santa Rosa, Tucunduva, Tuparandi e Cândido Godoi, também em julho. O rotavírus apresentou registros no mês de agosto em Barão do triunfo, Caxias do Sul, Cruz Alta e Sarandi; em setembro, Tupandi e Passo Fundo. Marília explica que, apesar de o número de cidades com rotavírus ser maior, o norovírus normalmente atinge mais pessoas em um menor número de locais.
O período de incubação dos vírus variam entre 24 e 72 horas. Eles podem ser transmitidos por via fecal ou oral, pessoa-a-pessoa, por água, alimentos ou objetos contaminados. O vírus é estável no ambiente, resistente a desinfetantes comuns e extremamente freqüente nas zonas temperadas. Os principais sintomas apresentados por uma pessoa contaminada são febre, dor abdominal, vômito e diarréia aguda. "Caso o doente não lave bem as mãos e manipule alimentos, por exemplo, ele pode contaminar as pessoas que ingeri-los", diz a bióloga.
Segundo Marília, o melhor remédio contra os vírus é esperar que o organismo reaja criando anticorpos contra o invasor. "Também é muito importante conservar o corpo hidratado e continuar com a alimentação normal." Para manter a hidratação, pode ser utilizado o soro caseiro. Para fazê-lo, é só misturar em um copo de água (200ml), filtrada ou fervida por pelo menos 10 minutos, uma pitada de sal e duas colheres de açúcar. A bióloga destaca que a melhor opção, caso os sintomas sejam muito intensos, é buscar atendimento médico em um posto de saúde.
A doença é muito comum em crianças, mais propensas ao contágio. "Crianças de 0 a 5 anos normalmente colocam objetos na boca e logo outra também faz o mesmo. Isso pode provocar surtos em creches, por exemplo", alerta Marília. As mães que ainda amamentam devem seguir alimentando seus filhos normalmente mesmo que eles estejam contaminados, pois a alimentação ajuda no combate ao vírus. Para tentar combater o contágio infantil está disponível desde março, em todos os postos de saúde, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a vacina contra o rotavírus. A vacina é aplicada em duas doses, uma aos 2 e outra aos 4 meses de idade. Marília ressalta que "a vacina só é aplicada em bebês e não há indicação para aplicação em adultos".
De janeiro a setembro, a incidência de rotavírus e norovírus foi mais ou menos a mesma em todas as cidades onde estão ocorrendo os surtos. "Este ano em Salvador também ocorreu um surto. Cerca de 13 mil pessoas foram infectadas e 57% dos casos se tratavam do norovírus, embora o registro dos outros dois apareceram com menor incidência", conta. No Rio Grande do Sul, devido à sazonalidade da virose, ocorrem mais casos nos meses do inverno.
Para alertar a Vigilância Epidemiológica sobre um surto, ou seja, sobre a ocorrência de muitos casos em um determinado local, a melhor opção é informar o Centro de Vigilância do município. O Centro Estadual de Vigilância em Saúde pode ser notificado pelo Disque Vigilância - 150 ou pelo telefone (51) 3901-1157, em horário comercial.