Vacinação à comunidade do bairro Jardim Betânia em Cachoeirinha contra meningite ocorre amanhã
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As secretarias de saúde do Estado e do município de Cachoeirinha preparam para este sábado (11) uma estratégia de vacinação contra meningite na comunidade do bairro Jardim Betânia. Como público alvo foram definidos as crianças e jovens menores de 20 anos. A área priorizada abrange somente o bairro, pois não ocorreram registros em outras áreas da cidade. Na localidade, desde a semana passada, foram confirmados laboratorialmente quatro casos de doença meningocócica, com dois óbitos. A Secretaria Estadual da Saúde (SES) esclarece ainda que, fora Cachoeirinha, não há outras cidades ou regiões no RS que apresentem neste momento notificações de meningite fora dos níveis normais de circulação da doença.
Nas crianças maiores de 3 meses e menores de 6 anos será feita a revisão da caderneta de vacinação infantil. O calendário prevê doses da vacina meningocócica conjugada sorogrupo C aos 3 e 5 meses de idade, com reforço aos 15 meses. Na população a partir dos 6 anos até menores de 20, será aplicada uma dose da vacina. A partir dos 20 anos a imunização não é recomendada pois são reduzidas as chances das pessoas desenvolveram casos graves. A vacinação é uma nova resposta frente às ocorrências registradas e que se soma às medidas de quimioprofilaxia, através do uso de antibiótico bactericida em contatos íntimos e prolongados dos casos e óbitos, como os familiares, estudantes da mesma turna escolar, professores, entre outros.
A operacionalização do serviço – previsto para iniciar às 9 horas - ocorrerá com equipes distribuídas em pontos estratégicos do bairro, a serem divulgados junto à comunidade com a distribuição de materiais informativos casa a casa e através de um carro de som. Como preparação a esse trabalho, os técnicos do setor de imunização do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) fazem nesta sexta-feira a capacitação das equipes do município.
Indicação de esquema de vacinação
Levar cartão de vacina, cartão da família e identidade ou certidão de nascimento
- População de 3 meses a 5 anos de idade
Vacinação seletiva de acordo com o esquema vacinal preconizado: 2 doses em menores de 1 ano (3 e 5 meses) e 1 dose de reforço aos 15 meses. O intervalo mínimo entre as doses é de 30 dias.
Nesta ação será antecipada a dose de reforço a partir dos 12 meses de idade respeitando o intervalo de 30 dias em relação à dose anterior. Para crianças de 1 ano até 5 anos de idade, sem registro de ter recebido dose a partir de 12 meses de idade, é recomendada à administração de uma única dose.
- População de 6 anos a 19 anos 11 meses e 29 dias de idade
Vacinação a todos com uma dose.
No bairro, foram constatados quatro casos causados pelo meningococo do tipo C. Na última sexta-feira (03) veio à óbito uma menina de 12 anos com um quadro de meningococcemia, que é uma infecção generalizada causada pela bactéria. Nesta terça-feira (07) faleceu um menino de 8 anos com o mesmo diagnóstico. Ambos eram estudantes da Escola Municipal Alzira Silveira Araújo. Do mesmo bairro, mas que não estudam na mesma instituição, seguem internados mas com boa evolução outros dois casos que também tiveram a identificação do meningococo do tipo C: uma menina de 12 anos e um jovem de 17. Além desses, houve também um óbito de um rapaz de 18 anos – do mesmo bairro - no último dia 05. Apesar do diagnóstico informado ser indefinido e ele não ter tido coleta de exames para análise laboratorial, a investigação identificou o quadro como compatível com meningococemia. Assim, pelo fato dele também ser morador do bairro, considera-se o caso como confirmado por critério clínico-epidemiológico, ou seja, com base nos sintomas.
As ações de controle no município começaram a ser desencadeadas ainda na semana passada, após a notificação do primeiro óbito, quando os contatos da vítima começaram a receber o antibiótico. As vigilâncias do município e Estado estão realizando a busca ativa dos contatos próximos para tratamento preventivo com antibiótico. São considerados contatos próximos: pessoas que residem no mesmo domicílio, indivíduos que compartilharam o dormitório (nos últimos dez dias) e colegas da mesma sala de aula (no caso de crianças). Conforme a vigilância em saúde avança nas investigações, mais grupos de contatos vão sendo acrescidos a esse trabalho. Os protocolos da vigilância epidemiológica definem esses grupos pois, para o contágio, é necessária uma exposição prolongada junto à pessoa doente. Esse tratamento é a resposta mais efetiva para essas situações, pois protege de forma mais rápida, enquanto a vacina pode levar até 10 dias para dar imunidade.
Situação no RS
A Secretaria Estadual da Saúde reforça que o número de casos da doença meningocócica se mantém nos níveis normais em Porto Alegre, na Região Metropolitana e interior do Estado. A Vigilância da meningite, nos níveis estadual e municipal, se mantém ativa e oportuna monitorando a ocorrência dos casos, conforme evolução da situação epidemiológica da doença para que se intervenha de forma eficaz desencadeando-se as medidas de controle pertinentes frente aos casos.
2015 (até 09/07) – 39 casos / 9 óbitos
2014 – 81 casos / 14 óbitos
2013 – 77 casos / 19 óbitos
2012 – 56 casos / 7 óbitos
2011 – 77 casos / 13 óbitos
2010 – 83 casos / 17 óbitos
Doença meningocócica
A doença meningocócica é uma infecção aguda causada por uma bactéria (Neisseria meningitidis). Esta bactéria pode causar inflamação nas membranas que revestem o sistema nervoso central (meningite) e infecção generalizada (meningococcemia). Existem 13 sorogrupos identificados dessa bactéria, os que mais frequentemente causam doença são o A, o B, o C, o Y e o W135.
Menos de 1% dos indivíduos infectados chegam a desenvolver a doença meningocócica. A literatura epidemiológica descreve uma estimativa que 1 em cada 10 adolescentes e adultos são portadores assintomáticos da bactéria na orofaringe ("garganta") e podem transmitir a bactéria, mesmo sem adoecer.
A transmissão ocore de uma pessoa para outra pela secreção respiratória (gotículas de saliva, espirro, tosse), através da qual a bactéria pode atingir a corrente sanguínea. A invasão geralmente ocorre nos primeiros cinco dias após o contágio.
Os principais sinais e sintomas são: febre alta que começa abruptamente, dor de cabeça intensa e contínua, vômito, náuseas, rigidez de nuca e manchas vermelhas na pele (petéquias). Em crianças menores de um ano de idade os sintomas referidos acima podem não ser tão evidentes, devendo-se atentar para a presença de moleira tensa ou elevada, irritabilidade, inquietação com choro agudo e persistente e rigidez corporal com ou sem convulsões.
A principal medida de controle a ser desencadeada nas Doenças Meningocócicas (DM) para reduzir o contágio e, consequentemente, o número de casos, é a notificação e investigação oportuna da suspeita para a pronta administração da quimioprofilaxia aos contatos próximos do caso suspeito.
Outras medidas importantes são:
-Higienização das mãos;
-Higienização do ambiente;
-Ventilação do ambiente;
-Cuidado com os alimentos.
Mais de um tipo de vacina está disponível para prevenção das principais causas de meningite bacteriana. As doses que constam no calendário de vacinação da criança do Programa Nacional de Imunização são:
- Vacina meningocócica conjugada sorogrupo C:
Protege contra a Doença Meningocócica causada pelo sorogrupo C
Doses aos 3 e 5 meses de idade, com reforço aos 15 meses
- Vacina pneumocócica 10-valente (conjugada):
Protege contra as doenças invasivas causadas pelo Streptococcus pneumoniae, incluindo meningite.
Doses aos 2, 4 e 6 meses de idade, com reforço aos 12 meses
- Pentavalente:
Protege contra as doenças invasivas causadas pelo Haemophilus influenzae sorotipo b, como meningite, e também contra a difteria, tétano, coqueluche e hepatite B.
Doses aos 2, 4 e 6 meses, com reforços (contra DTP, contra difteria, tétano e coqueluche) aos 15 meses e 4 anos
- Vacina BCG:
Protege contra as formas graves da tuberculose e nos casos de meningite.
Dose única ao nascer