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Sem vacinação, sarampo pode causar até três mortes a cada mil casos em crianças

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A imagem mostra duas mãos dando uma vacina na perna de um bebê.
Orientação aos pais ou responsáveis é que levem as crianças ou adolescentes até a Unidade Básica de Saúde mais próxima. - Foto: Divulgação/SES

A vacinação contra o sarampo é a forma mais efetiva de se proteger da doença. Crianças menores de cinco anos têm maior risco de desenvolver casos graves e sequelas, sendo que três em cada mil casos confirmados podem, inclusive, vir a óbito. O Brasil chegou a eliminar o vírus do país há alguns anos, mas a procura pela vacina diminuiu, fazendo com que a doença retornasse, foram registradas 40 mortes de 2018 até o momento.

O calendário básico de vacinação oferece duas vacinas contra o sarampo. A primeira é aos 12 meses de idade, com a tríplice viral, que protege também contra a rubéola e a caxumba. A proteção precisa ser completada aos 15 meses com uma dose da tetra viral, que imuniza para as mesmas três doenças mais a varicela (ou catapora). Se a criança estiver com alguma em atraso, pode, neste mês, durante a campanha de multivacinação, ser levada até a Unidade Básica de Saúde mais próxima para colocar a caderneta em dia.

 Campanha de multivacinação 2021

Ocorre até 29 deste mês a campanha nacional de multivacinação de crianças e adolescentes menores de 15 anos.  A estratégia é importante neste momento para elevar as coberturas vacinais, que já vinham em um cenário de queda nos últimos anos e que a pandemia acentuou ainda mais.

No próximo sábado (16/10) ocorre o “Dia D”, data em que os municípios abrirão extraordinariamente as Unidades Básicas de Saúde para a imunização desse público.

Ao todo, o calendário de vacinação prevê 14 tipos de vacinas até os sete anos de idade e outras oito até os 15 anos, fora as que ocorrem em campanhas específicas, como a da gripe e da covid-19.

 Doença e sintomas

O sarampo é uma doença causada por um vírus altamente contagioso, sendo transmitida de forma direta de pessoa a pessoa de forma respiratória ao respirar, falar, tossir ou espirrar. Tem como sintomas a febre e exantemas (manchas avermelhadas pelo corpo) também podendo apresentar tosse e/ou coriza e/ou conjuntivite.

A especialista em saúde do Núcleo de Doenças Transmissíveis do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, Juliana Dourado Patzer, comenta que as crianças são mais vulneráveis a evoluir desses sintomas para casos mais graves de pneumonia e encefalite, uma inflamação aguda no sistema nervoso central, que provoca a inflamação do cérebro. Ambos casos graves assim podem, inclusive, levar a óbito.

 Queda na cobertura e volta do sarampo ao país

Em 2016 o Brasil chegou a receber da Organização Mundial da Saúde o certificado de eliminação do sarampo. Contudo, a procura pela vacina baixou, deixando uma maior parte das crianças desprotegidas. Assim, em 2018 o país voltou a registrar casos da doença. No país, foram mais de 40 mil casos entre 2018 e agosto deste ano, com 39 óbitos entre eles, a maioria em menores de cinco anos.

O Rio Grande do Sul não chegou a registrar mortes neste período. Porém, confirmou 185 casos em 21 municípios entre 2018 e 2020. O último caso confirmado ocorreu em abril do ano passado. Entre os casos confirmados no Estado, 87% tinham esquema vacinal incompleto ou nenhuma vacinada recebida. A cobertura vacinal do sarampo no RS vem em queda, variando de 90,5% em 2016 para 84,1% em 2020. A meta seria alcançar, no mínimo, 95% das crianças nas faixas etárias recomendadas.

“Consideramos que somente com 95% ou mais de cobertura vacinal contra uma doença altamente transmissível, como o sarampo, é que teremos uma imunidade de rebanho, controlando o vírus e evitando surtos”, ressalta Juliana. “A cada ano que não alcançamos esse patamar, vamos acumulando bolsões de suscetíveis, ou seja, grupos de pessoas não vacinadas que permitem que a doença permaneça circulando”, acrescenta.

Juliana destaca que as vacinas contra o sarampo, a tríplice e tetra virais, também protegem contra outras doenças. “A rubéola, que faz parte da tríplice, tivemos no Brasil o certificado de eliminação em 2015, por isso é fundamental a vacinação, caso contrário, da mesma forma do sarampo, podemos ter a reintrodução desse vírus”, diz. “E a caxumba, que é a outra que compõe a tríplice, ainda circula, inclusive tendo aumento nos últimos anos, principalmente em adolescentes não vacinados quando eram crianças”, completa.

Além dessas três doenças, a varicela (também conhecida como catapora) está junto na vacina tetra viral. Ela é uma doença infecciosa, altamente contagiosa. A principal característica é o surgimento de lesões na pele que se apresentam nas diversas formas evolutivas (máculas, pápulas, vesículas, pústulas e crostas). Pode levar a quadros de encefalite que pode ser fatal. Afeta principalmente bebês, crianças e adultos com o sistema imunológico comprometido.

 Saiba mais sobre o sarampo

 O que é?

Sarampo é uma doença infecciosa grave, causada por um vírus, que pode ser fatal. Sua transmissão ocorre quando o doente tosse, fala, espirra ou respira próximo de outras pessoas. A única maneira de evitar o sarampo é pela vacina.

Quais os sintomas?

Os principais sintomas do sarampo são: febre acompanhada de tosse, irritação nos olhos, nariz escorrendo ou entupido e mal-estar intenso.

Em torno de 3 a 5 dias, podem aparecer outros sinais e sintomas, como manchas vermelhas no rosto e atrás das orelhas que, em seguida, se espalham pelo corpo. Após o aparecimento das manchas, a persistência da febre é um sinal de alerta e pode indicar gravidade, principalmente em crianças menores de 5 anos de idade.

Quando a criança deve se vacinar?

A primeira dose é ao completar o 1 ano de idade (12 meses). A segunda dose é aos 15 meses, última dose por toda a vida.

Se houver alguma dose em atraso ou dúvida quanto a isso, procure a Unidade Básica de Saúde mais próxima e confira.

Adulto deve se vacinar?

A vacina contra sarampo está disponível no SUS para indivíduos de 1 ano a 59 anos.

Se a pessoa tem entre 1 e 29 anos e recebeu apenas uma dose, recomenda-se completar o esquema vacinal com a segunda dose da vacina. Quem tiver comprovadas duas doses da vacina do sarampo não precisa se vacinar novamente.

Se não tomou nenhuma dose, perdeu o cartão ou não se lembra, a orientação é de duas doses para pessoas abaixo dos 30 anos ou apenas uma dose para pessoas acima dos 30 anos.

De forma preventiva a vacina é contraindicada durante a gestação, orientando-se que a vacinação ocorra antes ou após da gravidez.

Quais são as vacinas que protegem do sarampo?

Tríplice viral - Protege do vírus do sarampo, caxumba e rubéola
Tetra viral - Protege do vírus do sarampo, caxumba, rubéola e varicela (catapora).

O que causa a doença?

A transmissão do vírus ocorre de pessoa a pessoa, por via aérea, ao tossir, espirrar, falar ou respirar. O sarampo é tão contagioso que uma pessoa infectada pode transmitir para 90% das pessoas próximas que não estejam imunes.

A transmissão pode ocorrer entre 6 dias antes e 4 dias após o aparecimento das manchas vermelhas pelo corpo.

Quais as complicações?

O sarampo é uma doença grave que pode deixar sequelas por toda a vida ou causar o óbito. Algumas das complicações podem ocorrer em determinadas fases da vida:

Crianças
Pneumonia - Cerca de 1 em cada 20 crianças com sarampo pode desenvolver pneumonia, causa mais comum de morte por sarampo em crianças pequenas;
Otite média aguda (infecções de ouvido) - Ocorre em cerca de 1 em 10 crianças com sarampo e pode resultar em perda auditiva permanente;
Encefalite aguda - 1 em cada 1.000 crianças podem desenvolver essa complicação e 10% destas podem morrer;
Morte - 1 a 3 a cada 1.000 crianças doentes podem morrer em decorrência de complicações da doença.

Em adultos, a principal complicação é a pneumonia. As gestantes com sarampo pode apresentar parto prematuro e o bebê pode nascer com baixo peso. É importante se vacinar antes da gestação, pois a vacina é contraindicada durante a gestação.

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