Saúde faz capacitação nacional para monitorar perdas auditivas em trabalhadores
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Nesta quinta-feira (22), o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), por intermédio de sua Divisão de Vigilância em Saúde do Trabalhador, vai realizar a primeira capacitação nacional para o Sistema de Vigilância da Perda Auditiva Relacionada ao Trabalho. Estão sendo esperados representantes de SP, SC, PE, GO, AL, MA, AM, AC e AP, na sua maioria fonoaudiólogos, que ficarão responsáveis pela implantação do serviço em seus Estados.
Este sistema vem sendo desenvolvido desde 2005 pelo CEVS, vinculado à Secretaria Estadual da Saúde (SES/RS), e encontra-se em implantação junto aos Centros Regionais de Referência em Saúde do Trabalhador (CERESTs) e outros serviços de audiometria. Em 2006, com o lançamento do protocolo de Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR), pelo Ministério da Saúde, ficou determinada a ampliação de sua abrangência para todos os outros Estados do país.
A capacitação está agendada para a sede do CEVS, na Rua Domingos Crescêncio, 132, sala 310, Bairro Santana, Capital, das 9h às 16h30min, e será desenvolvida pelo médico otorrinolaringologista Raul Ibañez, pela fonoaudióloga Elisa Lucchese e pelo analista de sistemas Christian Bezerra. No local, há microcomputadores conectados em rede, preparados para capacitações nesse formato.
O Sistema de Vigilância da Perda Auditiva Relacionada ao Trabalho é planejado para armazenar em um banco de dados, agora de abrangência nacional, os exames audiométricos de trabalhadores expostos a agentes que possam trazer danos à sua audição e que procuraram o Sistema Único de Saúde (SUS). Com sua crescente implantação, será possível determinar o perfil auditivo do trabalhador brasileiro, inclusive do trabalhador da economia informal, o qual conta com o SUS como único recurso disponível para receber cuidados na área de saúde.
Os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador já somam seis unidades instaladas em território gaúcho. Duas outras estão com as obras concluídas mas ainda não entraram em operação, e mais três estão em fase de projeto, explica o diretor do CEVS, Francisco Paz.
Conforme um dos responsáveis pela capacitação, Raul Ibañez, os dados ainda não são conhecidos, mas há uma estimativa de que quase todos os trabalhadores sofram algum grau de lesão auditiva. "Na indústria, onde o pessoal se protege com redutores e outros equipamentos, os atingidos por esse tipo de lesão se situam entre 10% e 30%."
Na economia informal, explica Ibañez, "ainda não temos dados estatísticos consideráveis, assim como na agricultura. Em Ijuí, estudos sobre essa última área mostram que metade dos agricultores apresentam problemas de audição, por não usarem nenhuma proteção. E há boa possibilidade de que essa possa ser uma regra geral".
Em outros setores, as estatísticas são mais conhecidas, por que a CLT obriga à avaliação da audição em trabalhadores expostos ao ruído, mas para os não-celetistas a legislação inexiste e nada se sabe. "Assim, esse trabalho de monitoramento de danos provocados por ruídos é importantíssimo e a informatização e conhecimento das estatísticas permitirão a adoção de medidas para amenizar e prevenir o problema."
Ibañez explica que a maior causa de perda auditiva, no mundo, é a velhice, seguida da exposição a ruídos. "Calculamos que cerca de 500 mil a um milhão de gaúchos estejam sujeitos a engrossar as fileiras dessa segunda causa."