Residencial Casa da Praça completa um ano de atividades com piquenique aberto ao público
Publicação:

Os moradores do Serviço Residencial Terapêutico (SRT) Casa da Praça comemoram, nesta quarta-feira (17), um ano de uma grande mudança. Há doze meses, Deco, Júlio, Pinheiro, Rui, Pôncio, Cacá, Gabriel, Terezinha, Cida e Elia deixaram o Hospital Psiquiátrico São Pedro (HPSP) e retomaram seus projetos de vida. Para celebrar, eles promoverão um piquenique aberto ao público na praça Alfred Sehbe (no bairro Vila Ipiranga, em Porto Alegre), que fica em frente ao residencial, a partir das 17 horas.
“Estes cidadãos, hoje moradores da Zona Norte, em um ano tornaram-se vizinhos de outros cidadãos, voltaram a circular pela cidade e fazer escolhas, desde o cabelo que querem usar, o programa de TV que querem ver, a refeição que desejam fazer. Um cotidiano reinventado. Esse é um convite para compartilhar sonhos e fortalecer a cidadania”, destaca a coordenadora da política de desinstitucionalização da SES no HPSP, Fátima Fischer.
O Casa da Praça é o 35º SRT do Estado, um modelo de assistência em saúde mental que está se fortalecendo com a desinstitucionalização dos pacientes do HPSP. Os residenciais são a nova moradia de pessoas que viveram nas unidades de longa permanência do São Pedro por muitos anos, alguns possuindo mais de 20 ou 30 anos de internação por motivos clínicos, sociais, econômicos ou familiares. Os serviços garantem acompanhamento diário dos moradores por uma equipe técnica, com a diferença de que ali o cuidado é promovido a partir de uma perspectiva singular, que geralmente fica comprometida em instituições maiores e asilares.
Esta equipe trabalha a mudança junto aos moradores, sensível a todos os fatores que ela envolve: o resgate de competências, o aprendizado de andar novamente pela cidade, a discussão das rotinas de uma casa, a reelaboração de seus medos e o aprendizado da negociação. Os profissionais também auxiliam no encaminhamento dos usuários para a rede de atendimento, que inclui CAPS e outras unidades para acompanhamento.
Todos esses aspectos são trabalhados tendo em vista a promoção da autonomia e a reabilitação psicossocial, a fim de tornar possível a reinserção destas pessoas na cidade, na comunidade, no lazer, na apropriação de seus espaços, na retomada da relação das atividades terapêuticas.
A equipe do Casa da Praça, coordenada pela nutricionista Maria Regina Almeida da Silva, inclui enfermeira, nutricionista, terapeuta ocupacional, duas assistentes sociais, três residentes (uma terapeuta ocupacional, um psicólogo, uma profissional de Artes Cênicas), 12 técnicos de enfermagem para atender 24 horas, uma cozinheira e um auxiliar de serviços domésticos.
Sobre a desinstitucionalização
A desinstitucionalização dos usuários-moradores do São Pedro atende ao processo da Lei da Reforma Psiquiátrica, que prevê a mudança do modelo assistencial com o objetivo de fortalecer o cuidado em liberdade, produzindo apoio mútuo, autonomia e dignidade e promovendo o resgate da cidadania destas pessoas.
Hoje, 171 usuários ainda residem no HPSP. Outros quatro novos serviços desse tipo estão sendo preparados para receber usuários: duas casas na zona Sul e duas na zona Norte de Porto Alegre. As casas são alugada pela SES.
Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)
Além dos SRTs, voltados para a assistência dos pacientes crônicos do HPSP, a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) no RS também inclui a ampliação e qualificação de serviços para as mais variadas demandas em Saúde Mental. Ela conta hoje com 186 Centros de Atendimento Psicossocial (CAPS) no estado, sendo 12 deles com funcionamento 24 horas. Trata-se de um serviço de atenção em saúde mental, álcool e outras drogas, com equipe multiprofissional, que acompanha situações agudas e persistentes, que demandam acompanhamento intensivo. Os CAPS são responsáveis pela articulação da rede nos seus municípios e pelo encaminhamento à internação quando houver necessidade.
A RAPS também conta com 1.301 leitos incentivados em Hospitais Gerais, 810 leitos em hospitais psiquiátricos e 1.567 vagas em comunidades terapêuticas (567 contratadas pela SES e 1.000 via Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas – SENAD). Complementam a rede 40 composições de Redução de Danos; 118 municípios com núcleo de apoio a atenção básica (NAAB) e 297 oficinas terapêuticas na atenção básica.
Texto: Nanda Duarte