Palestra magna abordou temática socioambiental e infâncias no 18º Seminário do PIM
Foram discutidos impactos das condições climáticas, equidade, fomento de políticas públicas e intersetorialidade
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Com a interconexão entre justiça social e justiça ambiental, a palestra magna do 18º Seminário da Primeira Infância trouxe para o debate a necessidade de visualizar as intersecções entre os conceitos na vida das crianças. Ministrada pela pesquisadora do Centro Internacional de Estudos e Pesquisas sobre a Infância (CIESPI/PUC-Rio) Carolina Terra, a atividade foi um momento de trocas entre a pesquisa acadêmica e os relatos de campo das equipes do programa Primeira Infância Melhor (PIM).
A palestrante iniciou explicando que justiça socioambiental é uma questão só e que s impactos ambientais estão diretamente conectados às dinâmicas sociais e econômicas. As mudanças climáticas têm impactos diretos e indiretos na vida das crianças, desde o acesso à água potável e condições de saneamento até migrações forçadas e problemas de segurança. De acordo com dados da Unicef, mais de 40 milhões crianças e adolescentes brasileiras estão expostas a mais de um risco climático e ambiental.
“Promover justiça socioambiental na primeira infância é dar oportunidades iguais de desenvolvimento. Reconhecer as desigualdades estruturais e criar oportunidades e soluções é uma necessidade, isso é equidade”, disse a pesquisadora ao reforçar que esses são instrumentos que podem formar políticas públicas. Ela também comentou sobre a sua formação em assistência social e o quanto a atuação conjunta entre a teoria e a prática é capaz de fortalecer as famílias, avançando coletivamente e trazendo resultados reais e concretos.
Carolina Terra reiterou que para garantir a equidade e a justiça socioambiental é necessário que todos os níveis de gestão olhem para a economia e para o orçamento em políticas públicas. “Estímulos financeiros são extremamente importantes para que as infâncias tenham acesso a essas oportunidades”.
A palestra também pontuou que o trabalho deve respeitar a autonomia das famílias, pois as pré-concepções nem sempre serão o melhor e o possível para determinadas dinâmicas de familiares. Marcadores de classe, raça e gênero, por exemplo, mudam a perspectiva em que as noções de cuidado serão compreendidas e praticadas. “Políticas intersetoriais precisam olhar para esses marcadores, pois a criança é uma só, é a mesma atendida no posto de saúde, é a mesma que vai a um CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), é a mesma que vai na creche. Não podemos olhar para um fenômeno de forma isolada”, completou Carolina.
A pesquisadora da PUC-Rio elogiou o Plano Estadual da Primeira Infância e o pioneirismo do PIM no Rio Grande do Sul como um acerto da Secretaria da Saúde. Ao relembrar o provérbio que diz que “é preciso de uma aldeia inteira para educar uma criança” afirmou que “o PIM é uma aldeia possível, com espaço seguro para compartilhar experiências e expressar sentimentos. Quando o visitador está entrando naquela casa está representando todos os ideais do programa”.
A palestra magna integrou a programação do 18º Seminário da Primeira Infância e ocorreu no auditório da Casa da Ospa, em Porto Alegre. Participaram equipes municipais do PIM, Programa Primeira Infância no Sistema Único de Assistência Social (SUAS)/Criança Feliz, Agentes Comunitários de Saúde (ACS), trabalhadores e estudantes da Saúde, Educação e Assistência Social, entre outros.