Fumaça do cigarro prejudica a saúde de quem não fuma
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Que fumar faz mal à saúde, não é novidade para ninguém. O tabagismo é considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) uma epidemia generalizada e provoca anualmente 5 milhões de mortes em todo o planeta, 200 mil só em território brasileiro. O que talvez algumas pessoas ainda desconheçam são os danos que a fumaça do cigarro, sozinha, provoca em quem convive com fumantes. Segundo a OMS, o tabagismo passivo – tema do Dia Nacional de Combate ao Fumo, em 29 de agosto – é a terceira maior causa de morte evitável no mundo, atrás apenas do tabagismo ativo e do consumo excessivo de álcool.
A coordenadora do Programa de Controle do Tabagismo da Secretaria Estadual da Saúde (SES/RS), médica Anna Elizabeth Miranda, explica que está comprovado que os efeitos imediatos da exposição à poluição tabagística ambiental vão além daqueles a curto prazo, como irritação nos olhos ou tosse. “Também estão relacionados, entre não-fumantes, ao aumento de 30% do risco de câncer de pulmão, 24% de infarto e o de várias outras doenças relacionadas ao fumo”, afirma. Os Estados Unidos gastam 10 bilhões de dólares por ano, em custos médicos diretos e outras despesas indiretas, com as pessoas que sofrem com o tabagismo passivo, conforme a Sociedade Norte-Americana de Atuários. Mas nem só adultos padecem com o problema: a OMS estima que 700 milhões de crianças, mais da metade do total de fumantes do mundo, estão expostas aos danos provocados pela fumaça do tabaco.
Estudos apontando a gravidade da questão não faltam. Uma pesquisa da Agência de Proteção Ambiental dos EUA descobriu que alguns poluentes do ar, como os hidrocarbonetos presentes na fumaça do cigarro, penetram profundamente nos pulmões e provocam sérios problemas de saúde, doenças respiratórias, menor funcionamento do pulmão, assim como alterações do tecido pulmonar e sua estrutura. De acordo com Anna Miranda, a fumaça do cigarro contém mais de 4 mil componentes químicos, alguns com propriedades irritantes, sendo que 60 deles são suspeitos ou comprovadamente cancerígenos. Análise feita pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) verificou que a fumaça proveniente da queima do cigarro apresenta níveis duas vezes maiores de alcatrão, 4,5 vezes maiores de nicotina e 3,7 vezes maiores de monóxido de carbono do que aquela expirada pelo fumante. A questão é tão delicada que até meia hora de exposição à fumaça causa dano cardíaco similar ao experimentado por fumantes. A distância também não importa, assegura Anna. “A fumaça do cigarro se difunde de forma homogênea pelo ambiente, fazendo com que as pessoas posicionadas longe dos tabagistas inalem quantidades poluentes iguais às que estão próximas aos fumantes.”
São alarmantes também os dados a respeito do impacto do tabagismo passivo sobre crianças. “Estudos apontam que crianças cujas mães fumam tem 1,7 vezes mais de chance de desenvolver doenças respiratórias, como pneumonia, bronquites e asma, do que aquelas com mães não-fumantes. No caso de pai fumante, é de 1,3 vezes”, afirma a médica da SES. Ainda estão relacionadas à exposição da fumaça proveniente da queima do tabaco uma maior freqüência de resfriados e infecções do ouvido médio e um risco 5 vezes maior de bebês morrerem subitamente sem uma causa aparente, a chamada Síndrome da Morte Súbita Infantil. Anna alerta ainda para o fumo passivo do feto, em grávidas. A lista de problemas é extensa: aborto espontâneo, parto prematuro, nascimento de feto com baixo peso, menor quantidade de leite materno, posteriores dificuldades de aprendizado, entre outros. “Além disso, em um indivíduo normal, bastam 100 cigarros para que se possa estabelecer a dependência da nicotina. Se a mãe consome, por exemplo, 10 cigarros diariamente, no décimo dia o feto já poderá ter desenvolvido sua própria necessidade de nicotina”, explica Anna.
Para a coordenadora do Programa Estadual de Controle do Tabagismo, fatos como esse demonstram a grande influência dos pais na saúde dos filhos. “A educação começa em casa. Há necessidade de uma maior divulgação dos malefícios do tabagismo passivo e conscientização para que os fumantes não fumem em lugares fechados. Ainda mais no inverno, quando as residências permanecem fechadas e, graças ao frio e à fumaça, as crianças ficam muito mais propensas a desenvolver doenças respiratórias.” Mais do que isso, o ato de fumar pode transformar o futuro dos filhos de outra maneira. O levantamento Vigescola – Vigilância de tabagismo em escolares, realizado de 2002 a 2003 pelo Inca em 12 capitais brasileiras, observou, entre outros aspectos, a influência de pais fumantes sobre o comportamento dos jovens. Em todas as cidades pesquisadas, o percentual de alunos fumantes que têm ao menos o pai ou a mãe que fumam excedeu o de alunos que nunca fumaram. O destaque ficou para Porto Alegre, em que 66,4% de alunos fumantes têm o exemplo dos pais. Além disso, pesquisa realizada pela OMS revelou que 56% dos jovens com idades entre 13 e 15 anos no mundo são fumantes passivos.
Outra questão preocupante refere-se ao fumo em bares, restaurantes e casas noturnas. Os trabalhadores que atuam nesses locais, segundo Anna, são expostos a índices alarmantes de fumaça tabagística, com conseqüências para toda a vida. Atualmente, a lei federal 9294/96 proíbe o fumo em ambientes coletivos e faculta aos proprietários de estabelecimentos a criação de espaços específicos para fumantes, mas não prevê a situação dos funcionários. Um estudo recente realizado na Inglaterra mostra que morrem três vezes mais trabalhadores com doenças relacionadas ao tabagismo passivo do que devido a acidentes de trabalho. Já nos Estados Unidos, comprovou-se que o ambiente de bares, boliche, bilhares, casas de aposta e bingos contém concentrações de carcinógenos que excedem em 47 vezes o permitido pela lei federal norte-americana. Para a médica da SES, o ideal seria implantar nos estabelecimentos salas exclusivas para fumar, que não contariam com o serviço desses trabalhadores. “Não há níveis seguros de exposição a essas substâncias”, assegura.
O secretário estadual da Saúde, João Gabbardo dos Reis, relata que a SES realiza periodicamente capacitações de profissionais de saúde e educação para a criação de Ambientes Livres de Tabaco no ambiente escolar e de trabalho, além de sensibilizá-los para a implantação de Ambulatórios de Tratamento do Tabagismo nas unidades básicas de saúde. Gabbardo explica que nessas unidades o fumante passa por uma avaliação clínica, em que é apurado o grau de dependência e se há necessidade de exames ou de medicação. “Depois disso, ele passa a freqüentar encontros semanais, em grupos fechados, quando são realizadas atividades pré-estabelecidas, buscando apoio para a síndrome de abstinência, recaídas e outros problemas.” Atualmente, existem 32 desses ambulatórios implantados em Porto Alegre e outros 93 no restante do Estado, espalhados em 80 municípios. Conforme o secretário, o objetivo agora é continuar expandindo a rede.
A coordenadora do Programa de Controle do Tabagismo da Secretaria Estadual da Saúde (SES/RS), médica Anna Elizabeth Miranda, explica que está comprovado que os efeitos imediatos da exposição à poluição tabagística ambiental vão além daqueles a curto prazo, como irritação nos olhos ou tosse. “Também estão relacionados, entre não-fumantes, ao aumento de 30% do risco de câncer de pulmão, 24% de infarto e o de várias outras doenças relacionadas ao fumo”, afirma. Os Estados Unidos gastam 10 bilhões de dólares por ano, em custos médicos diretos e outras despesas indiretas, com as pessoas que sofrem com o tabagismo passivo, conforme a Sociedade Norte-Americana de Atuários. Mas nem só adultos padecem com o problema: a OMS estima que 700 milhões de crianças, mais da metade do total de fumantes do mundo, estão expostas aos danos provocados pela fumaça do tabaco.
Estudos apontando a gravidade da questão não faltam. Uma pesquisa da Agência de Proteção Ambiental dos EUA descobriu que alguns poluentes do ar, como os hidrocarbonetos presentes na fumaça do cigarro, penetram profundamente nos pulmões e provocam sérios problemas de saúde, doenças respiratórias, menor funcionamento do pulmão, assim como alterações do tecido pulmonar e sua estrutura. De acordo com Anna Miranda, a fumaça do cigarro contém mais de 4 mil componentes químicos, alguns com propriedades irritantes, sendo que 60 deles são suspeitos ou comprovadamente cancerígenos. Análise feita pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) verificou que a fumaça proveniente da queima do cigarro apresenta níveis duas vezes maiores de alcatrão, 4,5 vezes maiores de nicotina e 3,7 vezes maiores de monóxido de carbono do que aquela expirada pelo fumante. A questão é tão delicada que até meia hora de exposição à fumaça causa dano cardíaco similar ao experimentado por fumantes. A distância também não importa, assegura Anna. “A fumaça do cigarro se difunde de forma homogênea pelo ambiente, fazendo com que as pessoas posicionadas longe dos tabagistas inalem quantidades poluentes iguais às que estão próximas aos fumantes.”
São alarmantes também os dados a respeito do impacto do tabagismo passivo sobre crianças. “Estudos apontam que crianças cujas mães fumam tem 1,7 vezes mais de chance de desenvolver doenças respiratórias, como pneumonia, bronquites e asma, do que aquelas com mães não-fumantes. No caso de pai fumante, é de 1,3 vezes”, afirma a médica da SES. Ainda estão relacionadas à exposição da fumaça proveniente da queima do tabaco uma maior freqüência de resfriados e infecções do ouvido médio e um risco 5 vezes maior de bebês morrerem subitamente sem uma causa aparente, a chamada Síndrome da Morte Súbita Infantil. Anna alerta ainda para o fumo passivo do feto, em grávidas. A lista de problemas é extensa: aborto espontâneo, parto prematuro, nascimento de feto com baixo peso, menor quantidade de leite materno, posteriores dificuldades de aprendizado, entre outros. “Além disso, em um indivíduo normal, bastam 100 cigarros para que se possa estabelecer a dependência da nicotina. Se a mãe consome, por exemplo, 10 cigarros diariamente, no décimo dia o feto já poderá ter desenvolvido sua própria necessidade de nicotina”, explica Anna.
Para a coordenadora do Programa Estadual de Controle do Tabagismo, fatos como esse demonstram a grande influência dos pais na saúde dos filhos. “A educação começa em casa. Há necessidade de uma maior divulgação dos malefícios do tabagismo passivo e conscientização para que os fumantes não fumem em lugares fechados. Ainda mais no inverno, quando as residências permanecem fechadas e, graças ao frio e à fumaça, as crianças ficam muito mais propensas a desenvolver doenças respiratórias.” Mais do que isso, o ato de fumar pode transformar o futuro dos filhos de outra maneira. O levantamento Vigescola – Vigilância de tabagismo em escolares, realizado de 2002 a 2003 pelo Inca em 12 capitais brasileiras, observou, entre outros aspectos, a influência de pais fumantes sobre o comportamento dos jovens. Em todas as cidades pesquisadas, o percentual de alunos fumantes que têm ao menos o pai ou a mãe que fumam excedeu o de alunos que nunca fumaram. O destaque ficou para Porto Alegre, em que 66,4% de alunos fumantes têm o exemplo dos pais. Além disso, pesquisa realizada pela OMS revelou que 56% dos jovens com idades entre 13 e 15 anos no mundo são fumantes passivos.
Outra questão preocupante refere-se ao fumo em bares, restaurantes e casas noturnas. Os trabalhadores que atuam nesses locais, segundo Anna, são expostos a índices alarmantes de fumaça tabagística, com conseqüências para toda a vida. Atualmente, a lei federal 9294/96 proíbe o fumo em ambientes coletivos e faculta aos proprietários de estabelecimentos a criação de espaços específicos para fumantes, mas não prevê a situação dos funcionários. Um estudo recente realizado na Inglaterra mostra que morrem três vezes mais trabalhadores com doenças relacionadas ao tabagismo passivo do que devido a acidentes de trabalho. Já nos Estados Unidos, comprovou-se que o ambiente de bares, boliche, bilhares, casas de aposta e bingos contém concentrações de carcinógenos que excedem em 47 vezes o permitido pela lei federal norte-americana. Para a médica da SES, o ideal seria implantar nos estabelecimentos salas exclusivas para fumar, que não contariam com o serviço desses trabalhadores. “Não há níveis seguros de exposição a essas substâncias”, assegura.
O secretário estadual da Saúde, João Gabbardo dos Reis, relata que a SES realiza periodicamente capacitações de profissionais de saúde e educação para a criação de Ambientes Livres de Tabaco no ambiente escolar e de trabalho, além de sensibilizá-los para a implantação de Ambulatórios de Tratamento do Tabagismo nas unidades básicas de saúde. Gabbardo explica que nessas unidades o fumante passa por uma avaliação clínica, em que é apurado o grau de dependência e se há necessidade de exames ou de medicação. “Depois disso, ele passa a freqüentar encontros semanais, em grupos fechados, quando são realizadas atividades pré-estabelecidas, buscando apoio para a síndrome de abstinência, recaídas e outros problemas.” Atualmente, existem 32 desses ambulatórios implantados em Porto Alegre e outros 93 no restante do Estado, espalhados em 80 municípios. Conforme o secretário, o objetivo agora é continuar expandindo a rede.