Dia Mundial sem Tabaco: o risco de contaminação e agravamento da Covid-19 em fumantes
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O Dia Mundial sem Tabaco, 31 de maio, neste ano, é alusivo ao risco que os fumantes correm durante a pandemia de coronavírus, devido a maior probabilidade de contaminação e agravamento da Covid-19. Com o tema "Tabagismo e risco potencial para Covid-19", a data é referência na área da saúde de controle do tabaco e seus derivados e foi instituída pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1987, para alertar sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo.
De acordo com a coordenadora do Programa Estadual de Controle do Tabagismo, Andréia Volkmer, “os fumantes possuem mais chances de serem contaminados pelo coronavírus e desenvolver a Covid-19 de forma mais grave". Para ela, é importante que as pessoas fiquem atentas para o fato de que fumar gera mais riscos de transmissão viral nesses tempos de pandemia. A coordenadora explica que, mesmo com o distanciamento social, o programa busca garantir que as orientações terapêuticas, em grupo ou individuais, realizadas nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) dos municípios continuem chegando aos pacientes pela internet ou por telefone e garantindo, também, o acesso dos pacientes ao tratamento com medicamentos utilizados nessa área.
No Rio Grande do Sul, o programa, que é vinculado ao Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), da Secretaria da Saúde, está implantado em 321 municípios e, em 2019, atendeu 6.309 pacientes. "Incentivamos as pessoas a pararem de fumar e buscamos desestimular jovens à iniciação do consumo de cigarros e derivados", afirma a coordenadora.
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) publicou uma nota técnica orientadora sobre o tabagismo e o risco potencial para Covid-19 na qual reafirma que os fumantes são mais vulneráveis à infecção. Um dos trechos do documento diz: “O ato de fumar proporciona constante contato dos dedos (e possivelmente de cigarros contaminados) com os lábios, aumentando a possibilidade da transmissão do vírus para a boca. O uso de produtos que envolvem compartilhamento de bocais para inalar a fumaça - como narguilé (cachimbo d´água) e dispositivos eletrônicos para fumar (cigarros eletrônicos e cigarros de tabaco aquecido) - também facilitam a transmissão do coronavírus entre seus usuários e para a comunidade.
Confira na íntegra Nota Técnica do INCA - Dia Mundial sem Tabaco e Coronavírus
O tabaco causa diferentes tipos de inflamação e prejudica os mecanismos de defesa do organismo. Por esses motivos, os fumantes têm maior risco de infecções por vírus, bactérias e fungos. Os fumantes são acometidos com maior frequência de infecções como sinusites, traqueobronquites, pneumonias e tuberculose. Por isso, é possível dizer que o tabagismo é fator de risco para a Covid-19 e que é um agravante da doença devido a um possível comprometimento da capacidade pulmonar. Sendo assim, o fumante possui mais chances de desenvolver sintomas graves da doença”.
Distanciamento Social e Tabagismo
Conforme o documento do Inca, o distanciamento social, uma das medidas de contenção de contágio pelo coronavírus, pode causar estresse e angústia a algumas pessoas. Para um tabagista, o uso de produtos de tabaco pode ser tido como uma “válvula de escape”. Portanto, mesmo com os riscos da relação entre tabagismo e Covid-19, os fumantes podem manter ou, até mesmo aumentar, o consumo desses itens.
Esse momento também pode ser tido como um estímulo para o cuidado com saúde, incluindo a cessação do tabagismo. Isso porque, ao deixar de fumar, são observados benefícios imediatos: após 12 a 24 horas sem fumar os pulmões dos fumantes já funcionarão melhor. Além de evitar aglomerações, lavar as mãos com água e sabonete ou usar álcool em gel para higienizá-las, não compartilhar objetos pessoais e manter ambientes bem ventilados para prevenir o contágio pelo coronavírus, é muito importante parar de fumar.
Segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, o tabagismo aumenta o risco de complicações causadas por dezenas de doenças, em especial, as cardiovasculares isquêmicas, infarto do miocárdio e derrame cerebral, doenças respiratórias (bronquite e enfisema) e diversos tipos de câncer. Diversas pesquisas identificaram que entre os pacientes com pneumonia por Covid-19, as chances de progressão para formas mais graves da doença, com insuficiência respiratória e morte, foram significativamente maiores em fumantes do que entre não fumantes.
Sobre a nicotina
Os produtos derivados do tabaco têm como princípio ativo a nicotina, que causa dependência física e psíquica. Ela é uma droga psicoativa que atua no cérebro na função cognitiva, incluindo memória, atenção seletiva e processamento emocional. Além de estimulante, a nicotina reduz o apetite, aumenta o batimento cardíaco, a pressão arterial, a frequência respiratória e a atividade motora.
A nicotina provoca vasoconstrição periférica e aumento da resistência vascular periférica, tendo efeito negativo sobre o sistema cardiovascular e papel relevante no desenvolvimento de hipertensão arterial, justamente as doenças que estão identificadas nos grupos de maior risco de complicações e desfechos desfavoráveis da Covid-19.