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Criança autista é atendida pelo programa Primeira Infância Melhor

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Willian, sentado no colo da mãe, Débora, recebe carinho da visitadora Aline. Os três sorriem.
Willian, sentado no colo da mãe, Débora, recebe carinho da visitadora Aline. - Foto: Marília Bissigo/Divulgação SES

Nesta Semana Estadual da Pessoa com Deficiência, que acontece entre 21 e 29 de agosto, conheça a história de Willian Hudson da Silva Azambuja, de quatro anos. Ele tem o diagnóstico de transtorno de espectro autista, ainda em investigação quanto ao grau se encontra, mas se sabe que ele tem altas habilidades. O menino mora com a família no bairro Mário Quintana, em Porto Alegre, e é atendido pelo programa Primeira Infância Melhor (PIM) há cerca de 5 meses.

De acordo com a mãe, Débora Oliveira da Silva, quando Willian nasceu, teve uma infecção bacteriana chamada septicemia, e precisou ser internado por 10 dias. Teve um crescimento considerado normal, começou a falar as primeiras palavras mas, em seguida, passou a regredir no desenvolvimento da fala. “A pediatra me disse que ele tinha autismo, mas eu não quis acreditar”, conta Débora. “Vamos dar mais um tempo para ele aprender”, ela dizia para o marido, Vilson Hudson Azambuja. Nesse período, Willian fazia coisas diferentes das outras crianças, mesmo da irmã mais velha, Gabryelle, sete anos. Por exemplo, girava em volta dele mesmo, tapava os ouvidos e comunicava-se com gritos. Débora achava que era uma brincadeira.

Foi só quando a mãe viu outro menino que fazia as mesmas coisas na escola de Gabryelle é que ela se convenceu da condição de Willian. “Conversei com essa outra mãe, e perguntei se ele tinha algo diferente. Ela me disse que o filho tinha autismo”. Nesse momento, ela voltou à pediatra e iniciou todos os tratamentos necessários, como consultas com neurologista, terapia ocupacional e fonoaudióloga. Também foram recomendados no posto de saúde a iniciar as visitas domiciliares do PIM. “Nos encantamos pela Aline [visitadora do PIM] desde o primeiro dia”, explica Débora. “Faz pouco tempo que começou o trabalho deles aqui em casa, mas já percebo um grande progresso no comportamento do Willian. Ele desenvolveu a afetividade.” A mãe explica que, antes do PIM, era impensável uma pessoa estranha à família tocar no Willian. “Hoje ele se sente à vontade para abraçar e beijar até mesmo os desconhecidos que chegam aqui casa”.

Uma adulta e uma criança brincam. Outra criança e outra adulta estão sentadas num sofá olhando eles.
PIM realiza visitas semanais e acompanha o crescimento das crianças através de atividades lúdicas. - Foto: Marília Bissigo/Divulgação SES

Atendimento completo
A visitadora Aline Bergmann, estudante de enfermagem, diz que é um desafio aprender a lidar com as diferenças de cada criança atendida. “Tanto o Willian quanto eu estamos crescendo. Aprendemos muito nessa interação”, observa. “Conseguimos enxergar as crianças e as famílias como um todo, não apenas a questão da deficiência”, completa. Ela elogia também a irmã Gabryelle, que ajuda em todo o trabalho de desenvolvimento do Willian. “É o anjo da família.”

De acordo com a assistente do PIM do município de Porto Alegre (PIM-PIA), Vera Regina Souza da Cruz, o menino deve iniciar os estudos em uma escola no próximo ano. “Estamos focados agora em aumentar a capacidade de concentração e de socialização do Willian, para que ele consiga acompanhar os colegas em sala de aula. Sendo devidamente estimulado, ele deve diminuir muito as dificuldades e desenvolver todas as potencialidades”, explica. Uma dessas potencialidades é a natação: sem nunca ter entrado numa piscina antes, na primeira vez ele nadou borboleta perfeitamente.

Em Porto Alegre, apenas Willian tem o diagnóstico de autismo entre as crianças atendidas pelo PIM. Porém, segundo Virgínia Heberle Eichler, técnica fisioterapeuta da coordenação estadual do Programa, o número de crianças com esse espectro deve ser maior, sem o devido diagnóstico. “É muito difícil perceber o autismo. Não é evidente e não se manifesta nos primeiros meses de vida”, comenta.

Virgínia explica, ainda, que as crianças com transtornos do espectro autista apresentam deficiências sociais e de comunicação, interesses restritos, fixos e intensos e comportamentos repetitivos com grau variável de severidade e prejuízos.

Contribuição do PIM
A importância do programa estar junto às famílias atendidas, de acordo com a coordenadora estadual, Gisele Mariuse da Silva, é “contribuir para o fortalecimento do protagonismo das famílias na promoção do desenvolvimento integral de suas crianças, apoiando os pais e cuidadores a superar desafios frente as limitações e dificuldades que se apresentam”. O PIM também articula-se com a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência nas ações de prevenção, diagnóstico precoce, acesso aos serviços e procedimentos, qualidade e humanização da atenção. “A atenção domiciliar permite o acompanhamento semanal do processo evolutivo da criança, contribuindo para identificação de avanços ou fragilidades, e sobretudo para a prevenção de possíveis deficiências”, conclui Gisele.

Para capacitar as equipes municipais do Programa para reconhecer os sinais de autismo, a Coordenação Estadual está realizando cursos para visitadores em parceria com a Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência e com Altas Habilidades no Rio Grande do Sul (Faders). Recentemente, as gestoras da Secretaria da Saúde também estiveram reunidas com representantes da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) a fim de tratar sobre o repasse de recursos para a capacitação de visitadores do PIM.

Saiba mais sobre o programa em: www.pim.saude.rs.gov.br.

Uma criança, no coloco de uma adulta, brinca com outra adulta, sentada na cadeira ao lado.
Willian tem diagnóstico de autismo, com altas habilidades. - Foto: Marília Bissigo/Divulgação SES
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