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Bulimia e anorexia preocupam em todo o mundo

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A busca por um padrão de beleza altamente controverso e que tem na extrema magreza seu paradigma mais destacado vem preocupando as autoridades médicas e familiares de adolescentes e jovens adeptas dessa prática, classificada como distúrbio emocional. São duas as doenças que caracterizam esse problema psicológico: a anorexia e a bulimia, ambas podendo levar à morte, embora a prevalência mórbida da primeira seja mais elevada, assim como a dificuldade de cura. Influenciadas por padrões de magreza difundidos especialmente em desfiles e revistas de moda, as garotas param de comer - caso da anorexia. Na bulimia, as jovens se alimentam e forçam o vômito logo em seguida, por se sentirem culpadas pela ingestão. O problema é mundial e muito preocupante, a tal ponto que, na Itália e na França, empresas que contratam modelos para as passarelas começaram a rejeitar moças extremamente magras, cujo corpo possa gerar influência negativa nas adolescentes.

 

De acordo com Paulo Henkin, nutrólogo que coordena a Política de Alimentação e Nutrição da Secretaria Estadual da Saúde (SES/RS), a anorexia nervosa é uma doença muitas vezes classificada como psiquiátrica, e não apenas nutricional. "A pessoa busca uma aparência estética por se achar gorda, situação que só ela enxerga e atinge especialmente garotas adolescentes e jovens de até 24 anos. Elas buscam a magreza extrema, atingindo um estado de desnutrição avançada que muitas vezes leva à morte. O tratamento é extremamente difícil e ocorre via atendimento psiquiátrico e medicamentos." Henkin conta que as pacientes, quando estão junto de amigos ou familiares, fingem que comem e escondem o alimento, para depois descartá-lo.

 

Clinicamente, há um indicador conhecido por IMC - Índice de Massa Corporal. Quando esse fator é igual a 18, a paciente já é considerada desnutrida. Um IMC 18 corresponde a uma jovem de 1,80m pesando 60 quilos. Um pouco melhor está uma garota de 1,60m que pese 50 quilos; nesse caso, o IMC é de 19. "Existem pessoas magras por natureza, que não são desnutridas, até se alimentam muito bem, mas seu metabolismo é diferenciado. Nessa situação, se o IMC for igual a 18, não há risco. O problema é quando o IMC é igual a 18 em casos de anorexia, o que caracteriza risco nutricional. A anorexia conduz a um IMC baixo, constituindo-se num ato contra a própria natureza. E aí afeta o desenvolvimento físico e intelectual, por carência de vitaminas e proteínas, bem como de energia. Essa jovem de hoje não sabe o que será de seu futuro, se chegar lá", explica o médico.

 

CULPA POR COMER - A bulimia também é de fundo emocional e igualmente requer tratamento psiquiátrico e medicamentoso. A cura, porém, é mais fácil que no caso da anorexia. "Aqui, temos uma distorção das auto-imagem. A paciente come e imediatamente provoca o vômito, enfiando a mão na garganta por se sentir culpada e impedindo que o alimento seja absorvido pelo organismo. Essas moças sinalizam que estão doentes, principalmente por dois fatores. Um ou mais dedos apresentam ferimentos provocados pelos dentes no momento de provocarem a regurgitação, que normalmente é feita com alguma violência. Outro sinal é que, em meio às refeições, de repente se levantam e vão ao banheiro ou outro local para se livrar do alimento ingerido", afirma Henkin.

 

O médico conclui dizendo que a anorexia tem uma prevalência de 0,5 caso em cada 100 mil habitantes, enquanto a bulimia alcança o dobro. Segundo ele, ambas merecem atenção dentro da política de educação alimentar, levada a efeito pela SES em todo o Estado, especialmente em núcleos situados junto às Coordenadorias Regionais de Saúde (CRSs).

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